Professora é presa após xingar funcionária de bar com ofensas racistas

Professora presa
Vítimas foram xingadas de ‘ladra’, ‘fedida’, ‘preta sapatão’, ‘gorda fedida’, ‘paraíba’ e ‘feia’ (Reprodução/Redes sociais)

Uma professora foi presa no Rio de Janeiro, na noite de sábado (29), acusada de cometer injúria racial contra três mulheres em um bar. De acordo com relatos de testemunhas ao UOL, ela xingou uma funcionária e outras clientes do estabelecimento de “ladra”, “fedida”, “preta sapatão”, “gorda fedida”, “paraíba” e “feia”, entre outras ofensas. A mulher foi liberada horas após a detenção, depois de pagar fiança de cerca de R$ 2.200.

A garçonete do bar Baródromo, Rosilene Gomes Carvalho, contou ao portal que a mesa em que a professora estava já causava problemas ao longo da noite, já que ela olhava para a funcionária com desdém e olhar de desprezo. Ela chegou a pedir que uma pessoa ficasse ao seu lado para fazer um atendimento exclusivo, mas o pedido foi negado.

“Expliquei que isso não seria possível pois a casa não trabalha dessa forma. Depois, ela reclamou do drink e pediu uma água. Perguntei se seria com ou sem gás, ela disse com gás, mas fez uma recomendação: ‘Gostaria que você trouxesse minha água fechada porque eu tenho medo que você cuspa nela'”, conta a garçonete.

Injúrias raciais

Já por volta de 1h da manhã, ela tentou dizer à cliente que o bar estava fechando, e quando a garçonete foi entregar a conta, acabou se confundindo com a conta de outra mesa. Antes mesmo que Rosilene conseguisse se defender, a professora começou a gritar: “Sua negra, você quer me roubar? Sua ladra, fedida. Você é uma merda, nem vou falar nada para o seu patrão porque você precisa desse emprego”.

Um casal de mulheres que estava no bar tentou defender a garçonete, mas a agressora também dirigiu os ataques a elas. “Cala a boca, sua preta, sua preta sapatão, gorda fedida”, disse ela, segundo relatos. Ela ainda xingou outra funcionária, que estava no caixa: “Você é uma paraíba, cabeça quadrada, feia”. O dono do bar, então, foi até o local para impedir que a professora fosse linchada e disse que ela sairia de lá presa.

Em um vídeo compartilhado nas redes sociais, a professora aparece confessando aos policiais que ofendeu a garçonete.

Prisão

Todos, então, foram prestar depoimento na 19ª DP, na Tijuca. O homem que estava com a professora pediu calma, falou que ela estava bêbada e disse que a conhece há 10 anos, mas nunca a viu agir assim. Ele não entrou na delegacia para acusar ou defender a amiga.

De acordo com decisão do TJRJ (Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro), o caso foi encaminhado à 5ª Vara Criminal do estado, e a agressora foi presa em flagrante por injúria racial. Ela pagou a fiança ainda na madrugada do domingo (30) e foi posta em liberdade.

Bar repudia racismo

Em posicionamento nas redes sociais, o Baródromo repudiou as ofensas sofridas pelas funcionárias e pelas clientes do estabelecimento. “Um pacote de horror com intolerância e preconceito numa pessoa só. Diante do ocorrido, tivemos que conter a fúria de todos presentes para que não acontecesse um linchamento. Chamamos a polícia e fomos todos para a delegacia”, diz publicação.

“Lamentamos muitos pelos nossos funcionários e clientes que passaram por esta experiência. Nos colocamos à disposição com nosso suporte jurídico para acompanhamento e prosseguimento no processo. Aqui não toleramos racistas, homofóbicos e xenófobos! Vão pro inferno!”, completou o bar.

Ainda ao UOL, Rosilene, que é bibliotecária formada pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) há três anos e trabalha como garçonete no local desde janeiro, desabafou: “Sempre trabalhei com o público e nunca fui tratada dessa forma. São palavras que dilaceram a alma, sabe? Na hora eu bloqueei, fiquei calma, mas depois eu senti. Dói, como dói, como aquelas palavras machucam. Eu senti tudo que meus ancestrais sentiram quando vieram pra cá”.

A injúria racial consiste em ofender a honra de alguém valendo-se de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem. Já o racismo atinge uma coletividade indeterminada de indivíduos, discriminando toda a integralidade de uma raça. Ao contrário da injúria racial, o crime de racismo é inafiançável e imprescritível.

Edição: Giovanna Fávero
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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