A repórter Lisa Gomes, da RedeTV!, veio a público nessa segunda-feira (15) para desabafar sobre uma pergunta transfóbica que o cantor Bruno, da dupla com Marrone, fez para ela durante uma entrevista.
O comentário preconceituoso, disfarçado de curiosidade, foi na sexta-feira (12), quando Lisa cobria um show dos sertanejos em São Paulo. Em dado momento, Bruno questionou se a jornalista, que é uma mulher transexual, tinha o órgão genital masculino.
Lisa contou que se sentiu invadida com o comentário, já que seu processo de transição foi doloroso e muito difícil. No vídeo de posicionamento que publicou em seu feed do Instagram, ela aproveitou para agradecer ao acolhimento de quem a apoiou.
“Direitos violados”
“Eu quero agradecer o carinho, o acolhimento. Eu senti esse abraço e a energia positiva de todos vocês, de verdade. Mas eu não posso deixar de falar que foi horrível o que eu passei, o que eu escutei, porque me trouxe novamente a um lugar que eu não gostaria”, começou.
Como mulher trans, Lisa revela que nunca soube lidar muito bem com a aceitação do próprio corpo. Chorando em alguns trechos, afirma que teve seus direitos violados.
“Não tô aqui pra chorar, nada disso. Já chorei tudo que tinha que chorar, tô tomando calmante desde sexta-feira pra tentar amenizar a situação”, lamentou, afirmando ter se sentido invadida com o questionamento transfóbico.
Cantor Bruno se desculpa por transfobia
Com a repercussão do caso extremamente negativa, nas redes sociais, Bruno se manifestou e pediu desculpas à jornalista (assista abaixo).
“Eu estou aqui para pedir desculpas para Lisa Gomes pelo que perguntei para ela. Fui totalmente infantil, fui totalmente inconsequente. Eu quero pedir desculpas, eu acho que não tem como voltar no tempo. Pedir perdão pra ela. Perdão, Lisa Gomes”, disse ele.
Transfobia é crime
Vale reforçar que homofobia e transfobia são crimes previstos por lei. Eles entram na lei do racismo, já existente há 30 anos e, com isso, as punições são semelhantes. São crimes inafiançáveis, imprescritíveis e sob pena de reclusão – que admite o regime inicial fechado. O STF (Supremo Tribunal Federal) criminalizou a homofobia em junho de 2019.
Um levantamento realizado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) revela que, em 2022, 131 pessoas trans foram assassinadas no Brasil. Além disso, outras 20 tiraram a própria vida devido à discriminação que sofrem (saiba mais aqui).
Veja o que é considerado crime:
- “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito” em razão da orientação sexual da pessoa poderá ser considerado crime;
- a pena será de um a três anos, além de multa;
- se houver divulgação ampla de ato homofóbico em meios de comunicação, como publicação em rede social, a pena será de dois a cinco anos, além de multa;
- a aplicação da pena de racismo valerá até o Congresso Nacional aprovar uma lei sobre o tema
