Série ‘Round 6’ preocupa pais e escolas por impactos negativos em crianças e especialista faz alerta

Round 6
‘Batatinha Frita, 1, 2, 3’ é um dos jogos da série, em que a penalidade é a morte (Reprodução/@NetflixBrasil/Twitter)

A série sul-coreana Round 6 é um sucesso na Netflix e já possui os melhores números da empresa de streaming. Apesar de ser indicada para o público com mais de 16 anos, o sucesso “Round 6”, da Netflix, tem sido assistida também por crianças e adolescentes. O conteúdo de violência apresentado nos episódios vem despertando preocupação e reforça o cuidado com os pequenos. Psicanalista ouvido pelo BHAZ alerta que os impactos são imensos.

Nas redes sociais, internautas comentam sobre a audiência da série pelo público infantil, já que tudo acontece em torno de brincadeiras de criança e a penalidade para o perdedor é a morte.

Os usuários da web têm destacado atitudes de escolas para evitar a audiência. “Uma escola carioca fez uma carta aberta aos pais dos alunos alertando sobre a série Round 6. A carta alerta sobre o teor sexual e agressivo da série que não deve ser acompanhada”.

Ao BHAZ, a presidente do Sinep-MG (Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais), Zuleica Reis, diz que alunos já foram vistos comentando sobre a série nas escolas. “Algumas crianças disseram ter assistido e outras que ainda estão acompanhando”. A representante da categoria alerta para a necessidade dos pais saberem os conteúdos consumidos pelos filhos.

“Cabe à família [fazer este controle]. A pandemia trouxe acesso fácil às redes sociais e crianças e adolescentes têm ficado muito tempo com o celular e a frente do computador. As famílias devem ficar atentas e fazer avaliação”.

‘Não previ’

Hwang Dong-hyuk é o criador e diretor de Round 6. Ele disse que não esperava que a série fosse um sucesso com as crianças e adolescentes. “Não previ esse nível de sucesso. Estou animado, mas assustado também. Há três semanas, vivo uma montanha-russa emocional”, afirmou. As informações são de O Globo.

O criador destacou que a obra não foi criada para este público. “Estou perplexo que crianças estejam vendo. Espero que os pais e os professores ao redor do mundo sejam prudentes para que elas não sejam expostas a esse tipo de conteúdo”.

‘Violência gratuita’

A violência explicitada na série pode causar impactos “incomensuráveis” na vida das crianças e adolescentes, conforme explica o psicólogo e psicanalista Eduardo Lucas Andrade. “Cada uma reagirá de um modo. Sem orientação, esses perigos se adentram e atravessam a saúde mental podendo gerar medos, ansiedades, inseguranças, incompreensões e reações agressivas”.

O diálogo entre pais e filhos é fundamental que aconteça diante dos questionamentos das crianças que assistiram Round 6.

“Dialogar não significa somente o adulto falar silenciando a criança. Um diálogo carece de escuta sobre o que se está falando. Neste caso, se trata do adulto escutar a criança, acolher o que ela traz e a partir do que ela disser, o adulto poderá problematizar as partes extremamente agressivas e tecer diálogo acerca de outros temas inseridos na série.” Pondera Andrade.

A conversa é necessária devido ao fato da criança ter ficado exposta às cenas impróprias para a idade. “É difícil para uma criança, até mesmo para um adulto, lidar com tanta violência gratuita”, diz.

Mais diálogo

A presidente do Sinep-MG contou que a série é comentada entre as crianças. Se uma não tiver visto, certamente ficará com a curiosidade de acompanhar o que foi relatado pelo colega. Neste momento, mais uma vez, o diálogo se faz necessário.

“Ao não falar sobre, tomando tabu e apenas se impondo com um não pelo não, a curiosidade tende a ganhar ainda mais força. Nem toda descoberta serve a toda época da vida. A saída pelo diálogo, pelo amparo, contextualizando que esse conteúdo prejudica a saúde mental deles pelo excesso de violência que tem, pode ser mais viável do que um não com silêncio e pronto”, diz o psicanalista.

A conversa acolhedora vai gerar, segundo Andrade, a segurança e o fortalecimento do vínculo de cuidado. “Isso é tanto com a série quanto com outras coisas na vida. Como se trata de algo muito falado, o adulto pode propor ver com a criança outras séries que se encaixe na faixa etária e que também esteja em alta. Assim as crianças não estarão tão desalojados dos assuntos de momento”.

Edição: Vitor Fernandes
Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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