Servidor processa Gusttavo Lima por ter número citado em música e receber diversas ligações

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Música de Gusttavo Lima cita número sem DDD (Reprodução/@gusttavolima/Instagram)

Gusttavo Lima está sendo processado por um servidor público de Boa Vista (RR) por conta do número de celular citado na música “Bloqueado”. Acontece que o contato dito na canção é o mesmo do trabalhador, de 39 anos. Ele pede uma indenização por danos morais no valor de R$ 48,4 mil, por causa dos transtornos gerados pelas inúmeras mensagens e ligações recebidas em relação à música.

O número é citado na música sem o DDD, no entanto, isso não impediu que o servidor começasse a receber mensagens e ligações de estranhos. Segundo o g1, o trabalhador recebe trechos da letra da canção quase todos os dias, principalmente nos fins de semana. Até conteúdos pornográficos já foram enviados a ele.

Grande parte das mensagens chega pela madrugada e o volume cresce de quinta-feira a domingo. “Lembrei que tô bloqueado” é uma das que mais chegam para o servidor, por se tratar da primeira estrofe da canção. Nas ligações, o servidor público contou que as pessoas também mencionam trechos de “Bloqueado”. Com o mesmo número há mais de 10 anos, ele considera injusto ter que se desfazer dele depois de tanto tempo.

Mensagens recebidas pelo servidor em relação à música de Gusttavo Lima (Reprodução/Redes Sociais)

‘Não posso desligar telefone à noite’

“O grande problema é que não posso desligar o telefone à noite e nem deixar ele longe de mim quando vou dormir. Tenho uma mãe com 92 anos que mora em outra casa e que pode me ligar a noite caso precise de médico”, disse o servidor. “Minha intenção com a ação não é buscar fama, mas apenas uma reparação pelo dano causado”.

Além da importunação, um outro problema relatado pelo homem em relação às mensagens é a relação com a esposa, que acabou sendo afetada. “As outras pessoas só conseguem entender o quão ruim isso é se elas passarem pela mesma coisa”, pontuou.

O trabalhador relatou que recebeu entre cinco e dez ligações por dia, nos meses de janeiro e fevereiro. Ele disse que vem sofrendo com o problema há cinco meses. “Não entrei com uma ação antes porque não quero parecer que estou me aproveitando da situação. Já se passaram várias semanas desde o lançamento da música e as mensagens só crescem”, afirmou.

Gusttavo Lima recebe intimação

A ação judicial contra Gusttavo Lima está tramitando no 1° Juizado Especial Cível, no TJRR (Tribunal de Justiça de Roraima). Uma audiência de conciliação está marcada para o dia 12 de julho, por videoconferência.

Uma intimiação foi enviada para o endereço de Gusttavo Lima em Goiânia (GO). Conforme dito pela defesa do servidor, o número de telefone está inserido de forma indevida na música, e a situação “não se trata apenas de um mero aborrecimento”.

O ajuizamento do pedido aconteceu na última sexta-feira (27), e os advogados estipularam o valor de de R$ 48.480 mil por danos morais. No entanto, deixaram livre para o juiz decidir “qualquer outro valor a ser analisado conforme o potencial econômico-social do acusado e a gravidade do dano causado”.

‘Vida privada invadida’

Ainda segundo o g1, um dos trechos da ação diz que “foi invadida a vida privada dele. Além de ter que atender os telefonemas, responder mensagens e acabar sendo alvo de chacotas, ainda tem que passar pelo constrangimento de explicar para a esposa que aquelas mensagens são devido à música”.

A defesa do servidor tentou entrar em contato com a produção de Gusttavo Lima antes de entrar com o pedido de indenização na Justiça, entretanto, não conseguiu se comunicar.

Lançada em novembro do ano passado, a música “Bloqueado” já acumula mais de 159 milhões de visualizações só no YouTube. Na canção, Gusttavo Lima fala sobre um indivíduo que sente saudades da pessoa amada e disca o número de telefone para entrar em contato.

Edição: Vitor Fernandes
Andreza Miranda[email protected]

Graduada em Jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2020. Participou de duas reportagens premiadas pela CDL/BH (2021 e 2022); de reportagem do projeto MonitorA, vencedor do Prêmio Cláudio Weber Abramo (2021); e de duas reportagens premiadas pelo Sebrae Minas (2021 e 2023).

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