Suspeito confessa assassinato e esquartejamento de Dom Phillips e Bruno Pereira, diz TV

Dom Phillips e Bruno Pereira
Jornalista e indigenista desapareceram no dia 5 de junho de 2022 (Reprodução/Twitter + Bruno Jorge/Funai)

Um dos irmãos presos suspeitos de envolvimento no desaparecimento do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira teria confessado, nesta quarta-feira (15), ter matado as vítimas no Vale do Javari, na Amazônia. A informação foi divulgada pelo jornalista Valteno de Oliveira, da Band.

A Polícia Federal já havia confirmado, na noite dessa terça-feira (14), a prisão de Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como “Dos Santos”, de 41 anos. A suspeita era de participação no crime junto com o irmão, Amarildo da Costa Oliveira, o “Pelado”, que já estava preso.

De acordo com a Band, o motivo do crime teria sido a pesca ilegal na região: os suspeitos estariam pescando pirarucu quando foram alertados pelo jornalista e pelo indigenista que estavam fotografando. Dom e Bruno foram rendidos e levados para uma vala, onde foram mortos e tiveram os corpos esquartejados e incendiados.

Ainda ontem, a PF também informou que cumpriu dois mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça em Atalaia do Norte, no Amazonas. Os agentes apreenderam cartuchos de arma de fogo e um remo, que estão sendo analisados.

O desaparecimento

Bruno Pereira e Dom Phillips chegaram no dia 3 de junho no Lago do Jaburu, nas proximidades do rio Ituí, para que o jornalista visitasse o local e fizesse entrevistas com a população indígena da região.

Segundo a Unijava, os dois deveriam retornar no dia 5 para a cidade de Atalaia do Norte por volta de 9h da manhã, após parada na comunidade São Rafael, para que o indigenista fizesse uma reunião com uma pessoa da comunidade apelidado de “Churrasco”.

No início da tarde, uma primeira equipe de busca da Univaja (União das Organizações Indígenas do Vale do Javari) saiu de Atalaia do Norte em busca dos desaparecidos, mas não os encontrou.

Ainda segundo a Univaja, Bruno Pereira, que fez parte do quadro da da Fundação Nacional do Índio (Funai), é pessoa “experiente e profundo conhecedor da região”. Os dois viajavam com uma embarcação nova, com combustível suficiente para a viagem.

A nota ainda afirma que a equipe havia recebido ameaças em campo na semana do desaparecimento, conforme relatos dos colaboradores da organização.

Embaixada informou sobre morte

A Embaixada do Brasil no Reino Unido enviou ontem um pedido de desculpas à família de Dom Phillips, depois de informar que o corpo dele e de Bruno Pereira teriam sido encontrados na Amazônia. Até então, a Polícia Federal afirmava que as buscas pelos profissionais continuavam.

De acordo com o jornal The Guardian, com o qual Phillips colaborava, o embaixador Fred Arruda se retratou hoje aos familiares. “Nós sentimos muito que a embaixada tenha passado à família informações que não se provaram corretas”, diz o documento.

Arruda teria dito que uma equipe criada na embaixada de Londres para acompanhar os desaparecimentos foi “enganada” por informações recebidas de “agentes investigadores”. O diplomata reconheceu que houve uma precipitação por parte da equipe, e garantiu que “a operação de buscas vai continuar, sem que nenhum esforço seja poupado”.

Relembre

A mulher de Dom Phillips, Alessandra Sampaio, recebeu na segunda-feira (13) uma ligação de representantes da embaixada, informando que os corpos do jornalista e do indigenista haviam sido encontrados. No entanto, a PF negou a informação.

A corporação havia informado que encontrou, no domingo (12), um cartão de saúde com nome de Bruno Pereira e outros pertences do brasileiro e de Dom Phillips. Na parte da tarde, o Corpo de Bombeiros disse que encontrou uma mochila, um notebook e um par de sandálias no local onde são feitas das buscas pelo indigenista e pelo jornalista inglês no interior do Amazonas.

Já na segunda-feira, a Polícia Federal divulgou nota informando que não procediam as informações de que os corpos teriam sido encontrados. “Conforme já divulgado, foram encontrados materiais biológicos que estão sendo periciados e os pertences pessoais dos desaparecidos. Tão logo haja o encontro, a família e os veículos de comunicação serão imediatamente informados”, diz o comunicado.

As autoridades responsáveis pelas buscas e investigações vêm sendo criticadas pelos desencontros nas informações divulgadas.

Edição: Roberth Costa
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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