Uma reportagem exibida pelo Fantástico foi bastante criticada nas redes sociais. O programa desse domingo (12) abordou histórias de empreendedorismo, mas muitos consideraram uma tentativa de “romantizar o desemprego”. Uma das críticas foi lida ao vivo e o apresentador Tadeu Schmidt acabou se enrolando.
A matéria mostrou histórias de pessoas usando a tecnologia para “empreender”. No entanto, em um Brasil com quase 12 milhões de desempregados, muita gente acredita que o trabalho informal é a única saída para quem não consegue emprego. “Grande parte desse pessoal não teve escolha, isso não é empreender, é se virar pra sobreviver”, comentou um usuário do Twitter.
A reação de Tadeu ao ler uma dessas críticas no programa foi outro ponto destacado nas redes sociais. “Se embolou todo. Que constrangimento”, comentou um espectador.
O Tadeu Schmidt até gaguejou lendo o tweet sobre “Romantizar a falta de emprego” #Fantastico pic.twitter.com/CcI4zhiK5y
— MAIKO IS RARE (@MachadoMaiko) January 13, 2020
#Fantastico tomando lambada ao vivo ?? cabeças vão rolar pic.twitter.com/3aPx4HSKW8
— ?✨ (@missmoggia) January 13, 2020
O Tadeu chega gaguejou lendo o twitter da romantização do desemprego
— a chatice em forma de gente (@chademacela) January 13, 2020
Eitaaa#Fantastico pic.twitter.com/LP60zK8Rjr
Empreender: Independência ou única saída?
A reportagem da Rede Globo despertou um debate nas redes sociais em torno do empreendedorismo no Brasil. Até o youtuber Felipe Neto se pronunciou sobre o assunto. “Não existe ’empreendedorismo’ se é feito por desespero de sobrevivência, aí o nome é ‘sub-emprego’ mesmo”, escreveu o influenciador.
Não existe “empreendedorismo” se é feito por desespero de sobrevivência, aí o nome é “sub-emprego” mesmo.
— Felipe Neto (@felipeneto) January 13, 2020
Parem de tentar convencer as pessoas q os mano se MATANDO sem CLT e sem qlq perspectiva de crescimento é “empreendedorismo”.
No entanto, em alguns casos, empreender pode ter o papel de dar protagonismo a grupos marginalizados. Essas pessoas podem encontrar no empreendimento uma forma de abrir o mercado de trabalho, muito fechado pelo preconceito. Esse é o caso do empreendedorismo feminino e do AfroEmpreendedorismo (leia mais aqui).
“Ele é importante sobretudo na questão de empoderamento das pessoas negras que são marginalizadas pela sociedade e sempre colocadas em subempregos. Então reafirmar a presença das pessoas negras em todos os setores empresariais da sociedade é importante para a busca dessa igualdade racial tão perdida no Brasil”, diz o presidente da Comissão de Promoção da Igualdade Racial da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Gilberto Silva.
Ainda assim, no país existem 24,6 milhões de pessoas trabalhando por conta própria, segundo o IBGE. Para muitos, isso pode ser um sinal da precariedade do mercado. “Trabalhador desempregado faz o que pode pra sobreviver, vende doces, faz unha e são chamado de empreendedores. Sem leis trabalhistas, sem nada para resguardá-los. Sem FGTS. Sem contribuição no INSS. Que romance”, escreveu uma usuária do Twitter.
To impressionado com essa matéria do #Fantastico romantizando jovens “empreendedores”, na verdade isso é resultado do DESEMPREGO em massa que essa merda desse governo que vocês apoiaram não está resolvendo, trabalho intermitente e frila não é normal para uma economia sadia.
— Aldo Aldo Aldo (@pdcataldo) January 13, 2020
Usar a precariedade do mercado de trabalho brasileiro pra chamar a informalidade de empreendedorismo?Globo e #fantastico não tem vergonha na cara pic.twitter.com/nBPrjjxQBS
— Inquilina no Universo ? (@prof_tati) January 13, 2020
O #Fantástico quer convencer as pessoas de que trabalho precário e informalidade é sinônimo de empreendedorismo. Uma trabalhadora afirma: “A gente empreende desde que nasce. Eu também chamo isso de sobrevivência”. Não caiam nessa. Insegurança econômica não tem nada de glamoroso.
— Juliano Medeiros (@julianopsol50) January 13, 2020