Após não assinar duas cartas do Fórum Nacional de Governadores criticando as atitudes de Jair Bolsonaro (sem partido) no combate à pandemia de Covid-19, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), foi citado pelo presidente no Twitter. O presidente postou um vídeo em que o governador relata a situação financeira crítica do Estado.
No vídeo, publicado por Bolsonaro nesta segunda-feira (18), Zema conta que o governo de Minas está tendo dificuldades para pagar os servidores e para fazer o repasse de recursos a outros poderes.
O presidente Jair Bolsonaro vem usando as redes sociais para argumentar a favor da flexibilização das medidas de isolamento social no Brasil. Por meio de publicações como o vídeo de Romeu Zema, ele evidencia as consequências econômicas causadas pela paralisação do comércio.
“Não haverá recursos para pagar integralmente a folha do funcionalismo e também o repasse aos poderes. A lei me manda fazer as duas coisas, mas se a lei resolvesse o problema de caixa, eu ficaria satisfeito. Mesmo com todo o contingenciamento que nós fizemos, como eu disse, ainda não é suficiente”, diz o governador no vídeo.
– A dificuldade do Governador de Minas Gerais para pagar servidores e repassar recursos para os outros Poderes. https://t.co/xIl50VCPgc
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) May 18, 2020
Repercussão
Bolsonaro recebeu apoio e crítica após a publicação. Os apoiadores voltaram a defender o isolamento vertical. Eles usaram a queixa de Zema como argumento.
“A conta está começando a chegar! O Presidente já vem nos alertando há algumas semanas! O povo quer voltar ao trabalho!”, escreveu um apoiador no Twitter. “Essa história ‘ah eu avisei que a economia ia afundar’ não cola. Ele deveria tá ajudando pra que isso não acontecesse. Mas infelizmente não faz nada. Só piora”, rebateu outro usuário.
Essa história “ah eu avisei que a economia ia afundar” não cola. Ele deveria tá ajudando pra que isso não acontecesse. Mas infelizmente não faz nada. Só piora.
— Rubens Ferreira (@RubenFerreiraBA) May 18, 2020
O negócio é o seguinte,Bolsonaro quer dar o direito do cidadão decidir.. Quem não quiser tomar cloroquina, não tome.Quem quiser ficar de quarentena, que fique..
— Lucio (@Lucio_Ticino) May 18, 2020
Quem não quiser ter arma, não tenha…
Mas respeite o direito de quem quiser o contrário.
Simples assim…
É igual a sua dificuldade de pagar o auxílio emergencial. Coincidência, não??
— Diniz (@diniz123sp) May 18, 2020
‘Parceria’
Além de não assinar as cartas dos governadores contra as atitudes do presidente, Zema já saiu abertamente em defesa de Bolsonaro. Em abril, ele disse acreditar que o presidente é uma pessoa que deseja fazer o bem para o Brasil.
Em entrevista à Folha, Zema também alegou que parte da classe política perdeu privilégios com Bolsonaro e por isso “batem” nele. “Vejo o presidente como uma pessoa que quer fazer o bem para o Brasil. Ele tem, como todos nós, defeitos e qualidades. Mas parece que parte da classe política, que talvez tenha ficado sem alguns privilégios, tem batido nele de forma que eu não concordo”, disse.
Mesmo defendendo Bolsonaro, o governador de Minas não se considera um aliado do presidente. “Não sou fã dele e também não sou crítico”. Ao ser perguntado sobre o que destacaria no governo do presidente da República, Zema apontou a formação dos ministérios.
“Você deve lembrar bem quantos problemas de corrupção e empreguismo houve na era PT, que antecedeu o governo Bolsonaro. Quantos ministros corruptos tivemos na gestão Bolsonaro? Quantos escândalos?”, indagou.
A reportagem entrou em contato com o governo e questionou se Zema vai se pronunciar com relação à postagem. O BHAZ aguarda resposta.
