Em depoimento à Polícia Civil do Paraná, uma vigilante afirmou que ouviu o agente penitenciário Jorge Guaranho gritar “aqui é Bolsonaro” pouco antes de atirar contra o tesoureiro do PT Marcelo Arruda, no último fim de semana.
A testemunha trabalhava na região da Associação Esportiva Saúde Física Itaupi na noite do crime e relatou que logo após os gritos de Guarunho ouviu vários disparos.
De acordo com o relatório obtido pelo portal g1, a profissional disse que estava fazendo vigilância na região no dia do crime. “Ela relatou que prosseguiu com a ronda na rua e, então, avistou esse veículo saindo bruscamente do local, o que causou estranheza”, diz o documento. O depoimento da vigilante consta no relatório final da Polícia Civil do Paraná (PC-PR).
O assassinato aconteceu no dia 9 de julho. Na ocasião, Marcelo Arruda foi baleado na própria festa de aniversário, decorada com bandeiras do PT e imagens do ex-presidente Lula. Depois de ser atingido pelo policial, o petista, que também estava armado, revidou e atingiu Guarunho. Marcelo Arruda chegou a ser levado para um hospital da região, mas não resistiu. Já Jorge Guarunho segue internado sem previsão de alta.
Investigação
O inquérito conduzido pela Polícia Civil do Paraná decidiu pelo indiciamento de Guaranho por homicídio duplamente qualificado contra o petista Marcelo Arruda. Apesar disso, na última sexta-feira (15), a delegada Camila Cecconello afirmou que homicídio não era classificado como um crime de motivação política. Os investigarores entendiam que Jorge Guaranho voltou à festa depois da primeira briga porque se sentiu humilhado.
No entanto, após repercussão e críticas pelo encerramento rápido do inquérito, que tinha prazo até a próxima terça-feira (19), a delegada responsável pelo caso disse que uma perícia no celular do assassino pode mudar os rumos da investigação.
“A extração dos conteúdos desse celular é importante sim, porque no celular muitas vezes o autor pode ter comentado que ia fazer, pode ter dado alguma opinião. Então, a análise do celular é muito importante sim e pode trazer algum elemento novo na investigação”, afirmou Camila Cecconello em entrevista à repórter Isabela Camargo, da GloboNews.
O crime
Em coletiva de imprensa, a delegada disse que o policial penal estava em um churrasco no sábado (9), enquanto Marcelo Arruda comemorava o aniversário com a festa de tema PT. Guaranho teria visto, no celular de outra pessoa que estava no churrasco, as imagens de câmeras de segurança do clube em que a festa acontecia.
Cerca de uma hora depois, ele deixou o evento e saiu em direção à festa do petista, junto da mulher e do filho. Em um primeiro momento, o policial parou o carro em frente ao clube e começou a discutir com Marcelo Arruda, ainda dentro do veículo.
O aniversariante, segundo testemunhas, jogou um punhado de terra e pedregulhos contra o autor, que deixou o local. Pouco tempo depois, ele volta ao local, e o porteiro tenoua impedi-lo de entrar. Guaranho abriu o portão e quando Marcelo foi avisado que o bolsonarista voltou, ele carregou a própria arma de fogo e colocou na cintura.
“Tanto a vítima quanto o autor ficam de 3 a 4 segundos apontando a arma um para o outro e falando ‘abaixa a arma’. O policial fez os disparos e a vítima começou a cair. Ele [Guaranho] entrou na festa e fez mais disparos. Marcelo, do chão, começou a revidar, e o autor caiu ao chão”, descreveu Camila Cecconello.