Bolsonaro pede reunião com Queiroga para desobrigar uso de máscaras; especialistas alertam

Bolsonaro uso máscara
Bolsonaro defende que máscara não é mais necessária em vacinados (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que pretende conversar com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, sobre uma data para criar um protocolo que desobrigue o uso de máscaras no país. Em entrevista à Rádio Nova Regional, do Vale da Ribeira (SP), Bolsonaro afirmou já ter pedido ao ministro um estudo sobre o tema e revelou que a reunião com Queiroga deveria ocorrer ainda hoje (23).

Apesar dos países que desobrigaram o uso de máscara, como Estados Unidos e Israel, terem voltado atrás na decisão por conta da alta de casos de Covid-19, o presidente considera viável que os brasileiros deixem de usar esse tipo de proteção. O desejo de Bolsonaro vai contra as recomendações de especialistas da Saúde, que ainda consideram o uso necessário para evitar mais circulação e contaminação pelo vírus.

“Alguns países do mundo já adotaram isso que você está falando, liberou geral. Eu pedi um estudo para o nosso Ministério da Saúde. Hoje vou me reunir com o ministro Queiroga, para nós darmos uma solução para esse caso”, afirmou o presidente.

“Pela quantidade de vacinados, pelo número de pessoas que contraiu o vírus [sic], [essas pessoas] estão imunizadas”, continuou, citando informações incorretas sobre a disseminação do vírus. Ao contrário do que o presidente pontuou, a vacina não impede a infecção – apenas minimiza os riscos de agravamento do quadro – e uma mesma pessoa pode contrair a Covid-19 mais de uma vez.

Uso facultativo

A ideia de Bolsonaro é que o uso da máscara passa a ser “facultativo”. “Nós tornarmos facultativos, orientarmos que o uso da máscara não precisa mais ser obrigatório. Essa é nossa ideia, que talvez tenha uma data a partir de hoje para essa recomendação do Ministério da Saúde”, detalhou.

No entanto, apesar querer implementar esse protocolo, Bolsonaro reconheceu que a decisão precisa passar por governadores e prefeitos do país. “Não adianta a gente orientar para ser facultativo se o governador pode, para eles, ser bom continuar usando máscara. Desde o começo eu falei, nós temos que conviver com o vírus, infelizmente ele veio para ficar”, comenta.

Especialistas discordam da ideia

Para o infectologista Leonardo Weissmann, consultor da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), a proposta de Bolsonaro é “absurda”. “Nada deve mudar. Infelizmente uma declaração como essa é um incentivo para que as pessoas se infectem mais”, pontuou.

“Em relação a quem já teve a doença, não se pode garantir que vai ter imunidade pelo resto da vida porque já temos relatos de casos de reinfecção. Mesmo para quem já se vacinou, ainda existem muitas pessoas ainda não vacinadas, e a vacina não garante 100% de eficácia. Essas pessoas mesmo vacinadas podem acabar se infectando e ficando doentes”, disse.

Raquel Stucchi, infectologista da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e consultora da SBI, vai na mesma linha. “Infelizmente, não temos nenhuma vacina que garanta 100% de proteção, sempre pode haver alguma infecção que escape do imunizante. Além disso, temos uma circulação do vírus muito grande no país, o que aumenta a chance de algum vacinado ser infectado”, afirma.

A chance de um vacinado se infectar com a doença é muito menor do que a de quem não recebeu nenhum imunizante, e o tamanho dessa proteção varia de acordo com a vacina utilizada. “Vacinados podem se infectar e transmitir a doença. Mesmo que o imunizado tenha uma chance enorme de ter desfecho positivo se pegar a doença, pode passar o vírus a outras pessoas”, diz Luciana Becker, médica infectologista no Hospital Municipal Infantil Menino Jesus, de São Paulo (leia mais aqui).

Com Folhapress

Edição: Giovanna Fávero
Jordânia Andrade[email protected]

Repórter do BHAZ desde outubro de 2020. Jornalista formada no UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) com passagens pelos veículos Sou BH, Alvorada FM e rádio Itatiaia. Atua em projetos com foco em política, diversidade e jornalismo comunitário.

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