Brasileiro em Israel é o primeiro a receber paxlovid, medicamento da Pfizer contra a Covid-19

Brasileiro é primeiro a receber paxlovid, medicamento da Pfizer
Brasileiro relata que, horas após tomar as primeiras pílulas, já se sentia melhor (Arquivo Pessoal/Simcha Neumark)

Em Israel, um brasileiro infectado com Covid-19 foi escolhido como a primeira pessoa a receber o medicamento paxlovid, da Pfizer, contra o vírus. O paulista Simcha Neumark, 33 anos, tem a Doença de Crohn e vive em Jerusalém desde 2013. Após ser diagnosticado com o novo coronavírus, ele procurou seu plano de saúde e foi selecionado para começar o tratamento nesse domingo (2).

Segundo a Folha de S. Paulo, o economista foi diagnosticado com a Covid-19 na última sexta-feira (31). Ele conta que, logo após o diagnóstico, ficou com uma febre muito alta, dor de garganta e “dores de cabeça terríveis”. No entanto, após tomar as primeiras pílulas da droga, começou a sentir mais disposição.

“Não consigo explicar como me sinto melhor. Umas 15 horas depois eu já estava sem febre e sem dor de garganta. Um mundo completamente diferente. Para mim, ajudou demais”, disse o paciente brasileiro, que definiu os efeitos positivos da medicação como “um milagre de Deus”.

Covid-19 e a Doença de Crohn

Neumark revela que tomou muito cuidado, desde o início da pandemia, para não ser infectado pelo novo coronavírus. Isso porque ele convive com a Doença de Crohn, enfermidade crônica que afeta comumente os intestinos e não tem cura. Sua condição, dessa maneira, impediu a criação de anticorpos mesmo após cinco doses do imunizante contra a Covid-19. Ele conta que recebeu três delas em Israel e duas aqui no Brasil.

Uma vez que Israel passa hoje por uma quinta onda de Covid-19 e já atingiu a normalidade de cerca de 10 mil casos diários, nem mesmo os esforços do paulista foram suficientes para evitar a infecção. Na véspera de Ano Novo (31), Neumark foi detectado com o vírus e diz não saber como se contaminou.

“Não sei como peguei. Trabalho em home office e praticamente não saio de casa”, argumentou ele. “Na semana passada, participei de uma reunião presencial pela primeira vez em muito tempo e, sem saber que já estava com ‘corona’ e ainda sem nenhum sintoma, infectei quatro pessoas”, completou.

Governo israelense aposta na vacinação

Com o aumento nos casos diários de infecção pela Covid-19, o governo israelense segue apostando nos imunizantes. O primeiro-ministro Natfatli Bennett acredita que a quarta dose da vacina é fundamental para a proteção imunológica de maiores de 60 anos e, na semana passada, as doses começaram a ser disponibilizadas gratuitamente para esse público.

O premiê anunciou, nessa terça (4), que a quarta dose da vacina contra o novo coronavírus aumentou em 5 vezes o nível de anticorpos criados nas pessoas que foram imunizadas com a terceira, há pelo menos 4 meses. A pesquisa foi realizada no maior hospital de Israel, o Centro Médico Sheba.

Embora o Brasil lide com diversas polêmicas envolvendo a vacinação de crianças, Bennett é um defensor da medida. O primeiro-ministro tenta, atualmente, motivar pais a vacinarem seus filhos que tenham entre 5 e 11 anos. No entanto, a campanha de vacinação infantil no país começou a avançar somente com a ascensão da variante ômicron e novas restrições para pessoas não vacinadas. Nos últimos dias, foi confirmado no país o primeiro caso de “Flurona“, coinfecção pela Covid-19 e Influenza.

Saiba mais sobre o paxlovid, da Pfizer

O medicamento da Pfizer é utilizado para tratar pessoas já infectadas pela Covid-19. No entanto, é direcionado a pacientes a partir dos 12 anos que estejam contaminados ainda no estágio inicial da doença. O tratamento reivindica ingerir três pílulas, duas vezes por dia, por cinco dias, sendo dois comprimidos de paxlovid e o outro de um remédio viral distinto.

Em Israel, a medicação passou a ser distribuída no domingo (2) para pessoas com comorbidades que se encontram no início da infecção. Segundo ensaios clínicos, as pílulas mostraram ser quase 90% eficazes tanto para evitar hospitalizações quanto para prevenir a morte dos infectados pela Covid-19. Elas foram testadas em 2.250 pacientes com quadros leves ou moderados do novo coronavírus, mostrando que menos de 1% dos que tomaram a droga precisaram de internação. Também não houve mortes ao longo do estudo de 30 dias conduzido pela Pfizer. 6,5% dos pacientes, no grupo que recebeu apenas um placebo, foram hospitalizados e nove morreram.

Após o Ministério da Saúde aprovar o uso do paxlovid, Israel é um dos primeiros do mundo a ministrar o remédio, seguindo aprovação da FDA (Agência de Alimentos e Drogas dos Estados Unidos, em tradução para o português). Até agora, poucas pessoas receberam o medicamento no país.

Em um movimento que parece ser de aderência à novidade para combater os sintomas graves do novo coronavírus, a Pfizer anunciou nessa terça-feira (4) que o governo estadunidense vai adquirir mais de 10 milhões de tratamentos com comprimidos paxlovid para pacientes com Covid-19. É estimado que os EUA desembolsem 5,29 bilhões de dólares, o equilavente a cerca de R$ 30 bilhões.

Edição: Vitor Fernandes
Nicole Vasques[email protected]

Jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), escreve para o BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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