Criança e adolescente morrem vítimas do novo coronavírus em Minas

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Pacientes ficaram internadas, mas não resistiram (FOTO ILUSTRATIVA: Amanda Dias/BHAZ)

Uma criança de 4 anos e uma adolescente de 15 morreram vítimas do novo coronavírus em Minas Gerais. As vítimas não eram do grupo de risco da doença e não tinham comorbidades. Os óbitos foram registrados em Paiva, na Zona da Mata, e Santana do Paraíso, no Rio Doce. Especialista aponta que uma síndrome – Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P) – pode ter relação com o agravamento dos casos.

A adolescente, segundo a Prefeitura de Santana do Paraíso, estava internada no Hospital Municipal de Ipatinga, no Vale do Aço, e acabou morrendo no último domingo (27). “O teste de Covid-19 foi realizado no dia da morte com o resultado positivo para a doença. Não há histórico se a adolescente possuía comorbidades”, informou o Executivo municipal.

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Boletim do novo coronavírus na cidade (Reprodução/Prefeitura Santana do Paraíso/Facebook)

A cidade fica a apenas 14 km de distância de Ipatinga e possui cerca de 35 mil habitantes. Desde o início da pandemia no Brasil, Santana do Paraíso já registrou 3.165 casos de Covid-19 confirmados e 37 óbitos.

Criança

A criança de 4 anos também morreu no domingo, após ficar internada na Santa Casa de Barbacena. A menina também não tinha outras doenças e foi o primeiro óbito registrado na cidade com pouco mais de 1,5 mil habitantes, que fica a cerca de 50 km de Barbacena e 90 km de Juiz de Fora.

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Boletim do novo coronavírus em Paiva (Reprodução/Prefeitura de Paiva/Facebook)

A Secretaria de Saúde de Paiva informou ao BHAZ que 22 pacientes testaram positivo para a doença, também desde o início da pandemia. Quatro pessoas estão sendo acompanhadas pela equipe de saúde e 17 se recuperaram após realizar o isolamento domiciliar.

SIM-P

A morte da criança e da adolescente chama atenção pelo fato das vítimas serem pessoas fora do grupo de risco do novo coronavírus e não apresentarem comorbidades. O infectologista Marcelo Oliveira destaca que o agravamento dos quadros pode estar associado à SIM-P. “Crianças, na maioria das vezes, apresentam sintomas leves ou ficam assintomáticas. Quando desenvolvem esta síndrome apresentam maior gravidade”.

Um dos sintomas da SIM-P, conforme o especialista informa, são “febre persistente e disfunção orgânica”. “Algumas crianças e adolescentes podem desenvolver quadro inflamatório mais grave. É como se o paciente tivesse uma reação inflamatória exagerada, muito maior do que o esperado para a faixa etária”, explica.

Desde julho, a SES-MG, em consonância com o Ministério da Saúde, determinou a notificação obrigatória de casos suspeitos da síndrome e vem acompanhando a situação no estado, aguardando análise de exames para descartar ou confirmar a doença. A síndrome foi identificada em crianças que testaram positivo (ou tiveram contato com algum caso do novo coronavírus) no momento em que a comunidade científica investe em pesquisas para desenvolver vacinas e tratamentos eficazes contra a Covid-19.

Evolução grave

As crianças diagnosticadas com SIM-P podem evoluir de forma grave com insuficiência respiratória, doença renal aguda, insuficiência cardíaca aguda e também apresentar sintomas semelhantes à doença de Kawasaki, como febre, manchas vermelhas na pele, conjuntivite, edema de pés e mãos. Sintomas respiratórios não são encontrados em todos os casos. A Organização Pan-Americana de Saúde e a Sociedade Brasileira de Pediatria chamam atenção para a importância da detecção precoce da Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica e o correto atendimento do paciente.

Minas Gerais tem 117 casos suspeitos de SIM-P e 44 confirmações, conforme o Boletim Epidemiológico Semanal. Ainda não foram confirmados óbitos relacionados à síndrome. Belo Horizonte é a cidade com mais casos confirmados, 17. Na sequência aparecem Contagem, Montes Claros e Uberlândia: todas com três.

Reforce a proteção contra o vírus

A SES-MG (Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais) orienta que a população tome algumas medidas de higiene respiratória para evitar a propagação da doença, são elas:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.
Edição: Thiago Ricci
Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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