O dia 16 de julho ficará marcado na vida de Gleyciene Lopes Nunes, de 27 anos. Nesta data, a moradora de Governador Valadares, na região do Rio Doce, em Minas Gerais, venceu a batalha contra a Covid-19 e horas depois de deixar a UTI (Unidade de Terapia Intensiva), ela se formou em Direito. A cerimônia virtual foi repleta de emoção e Gleyciene ainda foi a oradora da turma.
Antes de contar os detalhes deste dia tão emocionante, Gleyciene revelou, ao BHAZ, como descobriu o diagnóstico do novo coronavírus. “Pensei que fosse uma gripe comum. Só que minha irmã, que trabalha na área da saúde, percebeu que quando eu tossia, eu ficava muito cansada. Fiz um exame para ver se era pneumonia e descobri que meu pulmão estava bem comprometido. Era Covid-19”, detalhou.
Internação e Solidão
Gleyciene ficou uma semana internada, após ter o diagnóstico positivo, e teve 50% do pulmão comprometido pela doença. Ela precisou ser transferida de hospital devido ao agravamento do quadro. “Fiquei no oxigênio, mas mesmo piorando, graças a Deus, não precisei ser entubada. Estava numa ala onde existiam sete pessoas nesta situação. É terrível. Não consigo nem dizer”, desabafou.
A solidão durante o período que ficou no hospital era o que mais deixava Gleyciene chateada. “Você fica fechado na ala. Não sabe se é dia, noite e nem a hora. Sequer pode ter contato com familiares. Para não perder a lucidez, eu perguntava pra equipe médica que horas era, qual o dia da semana. É terrível”.
Ver essa foto no InstagramUma publicação compartilhada por Gleyciene Nunes (@gleycienenunes_) em
Alta e colação de grau
Depois de apresentar melhora e por não ter mais chance de transmitir a doença, Gleyciene deixou o hospital. A alta foi dada faltando cinco horas para a formatura em Direito. “Nosso pai do céu. Foi uma coisa de louco. Só Deus para explicar. Parece que foi tudo cronometrado. O tempo de chegar em casa, agradecer as tantas mensagens recebidas e colar grau”, relembra com alegria.
Por conta da pandemia, a cerimônia foi online, mas o carinho recebido fez com que Gleyciene sentisse a presença de todos. “Fiquei muito feliz, pois era a concretização do sonho de todos nós. Ver os professores e os meu amigos, foi muito bom. Um filme passava na minha mente durante a formatura. Foi um dia de muitas emoções”.
A bacharel em Direito foi, na companhia de uma amiga, a oradora da turma. “O texto foi escrito por mim. Não consegui fazer a leitura, pois ninguém imaginava que eu iria sair aos 45 do segundo tempo. E outra: eu estava tão emocionada que sequer conseguiria. No momento da leitura do texto, nós duas fomos colocadas juntas e ficamos ‘lado a lado'”, relembra.
A jovem está repleta de gratidão por tudo que aconteceu e conta qual era o maior desejo enquanto estava no hospital. “Eu só queria ver a luz dia e respirar o ar puro. Quando saí encontrei tantas pessoas que se importaram comigo. Sou grata a todos que oraram. Só eu sei o quão ruim estive”, destacou.
Futuro
Gleyciene ainda segue se recuperando, mas já está com planos para o futuro. “Quero usar o Direito para continuar ajudando as pessoas como sempre fiz. Venho de origem simples, do campo, e sei que muitas pessoas desconhecem o direito que elas têm. Sinto que meu dever é ajudar as pessoas”.
“Estamos no mundo com um propósito. Hoje o que posso fazer é agradecer todas as pessoas por tudo que fizeram por mim”, concluiu
