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UFMG aplica 1ª dose de testes da vacina 100% brasileira contra a Covid-19

25/11/2022 às 10h14 - Atualizado em 25/11/2022 às 10h28
vacina ufmg
Primeira dose da vacina foi aplicada em voluntário na manhã de hoje (TV UFMG/Divulgação)

A SpiN-Tec MCTI UFMG, primeira vacina 100% brasileira contra a Covid-19, começou a ser testada nesta sexta-feira (25) na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

Na manhã de hoje, o imunizante, desenvolvido com tecnologia e insumos totalmente brasileiros, foi aplicado no primeiro voluntário.

Criada no Centro de Tecnologia de Vacinas (CTVacinas) da UFMG, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz em Minas Gerais (Fiocruz em Minas), a vacina recebeu investimento milionário.

Os primeiros estudos da SpiN-Tec MCTI UFMG começaram em 2020. A reitora da UFMG, Sandra Regina Goulart Almeida, comemora o início dos testes da vacina em humanos. Ela afirma que o feito é resultado de grande esforço institucional.

“Além da UFMG, com sua competente equipe de cientistas, e do apoio imprescindível do MCTI, contamos com o suporte de vários parceiros. Como o governo do Estado, a Prefeitura de Belo Horizonte e parlamentares estaduais e federais”, diz.

Ensaios clínicos da vacina 100% brasileira

O professor Helton Santiago, do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG coordena os ensaios clínicos.

O CTVacinas abriu cadastro para quem que servoluntário nas fases 1 e 2 dos testes clínicos, no dia 17 de novembro. O início do recrutamento foi logo após a aprovação do sistem Comitês de Ética/Comissão Nacional de Ética em Pesquisa.

Em menos de 10 dias, mais de mil pessoas se inscreveram na triagem. Os testes pré-clínicos se deram em laboratório e em animais, confirmando a eficácia e segurança da vacina.

Testes clínicos

Os teste terão três fases. As duas primeiras, serão em Belo Horizonte. A primeira com 72 voluntários e a segunda, com 360.

As análises seguem o método duplo-cego. Ou seja, parte dos voluntários integra um grupo de controle, que receberá a vacina da AstraZeneca. Cada participante ficará em acompanhamento por um ano.

Terminadas as fases 1 e 2, o grupo que desenvolve a SpiN-Tec MCTI UFMG enviará os relatórios do estudo para a Anvisa. A Agência decide se autoriza a terceira e última etapa, que reunirá de quatro a cinco mil voluntários de várias partes do Brasil.

Eficácia contra ômicron e subvariantes

O antígeno da vacina da UFMG inclui duas proteínas do vírus SARS-CoV-2, causador da Covid-19. Uma é a proteína Spike (S) e, a outra, o nucleocapsídeo (N), o que explica o nome SpiN.

“As vacinas de Covid-19 em uso geram respostas de anticorpos neutralizantes. Já a Spin-Tec MCTI UFMG foi desenvolvida para induzir resposta dos linfócitos-T. Ela gera uma resposta contra várias partes da molécula do vírus, e não apenas contra um de seus segmentos, como ocorre com as vacinas atuais”, explica Ricardo Gazzinelli, coordenador do projeto e do CTVacinas da UFMG, também pesquisador da Fiocruz.

Assim, os pesquisadores acreditam que o imunizante seja mais efetivo que as vacinas atualmente disponíveis no país contra variantes como a ômicron. É possível manter a vacina a 4 ºC, como outras, o que facilita a distribuição para lugares distantes.

Financiamento da vacina 100% brasileira

O desenvolvimento da vacina brasileira tem financiamento da RedeVírus do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Em 2020, o órgão apoiou com recursos financeiros dez projetos nacionais de desenvolvimento de vacinas contra a Covid-19.

Foram cerca de R$ 16 milhões do MCTI, por meio da RedeVírus, da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para as etapas de ensaios pré-clínicos de fase 1 e 2.

Além disso, os testes receberam recursos da prefeitura de BH, que repassou R$ 30 milhões. Parlamentares do Congresso Nacional e da ALMG (Assembleia Legislativa de Minas Gerais) fizeram o aporte de cerca de R$ 20 milhões para a terceira fase dos testes.

A ALMG repassou outros 30 milhões do acordo entre o estado de Minas e a Vale. O valor se refere à reparação de danos socioeconômicos e ambientais decorrentes do rompimento da Barragem de Brumadinho, em 2019.

O projeto também tem recursos da Fapemig (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais) e Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

Completam a lista, a Fundação Ezequiel Dias (Funed), o Laboratório Nacional de Biociências (LNBIO), o Centro de Inovação e Ensaios Pré-Clínicos (Cienp) e o Laboratório Cristália.

“Tivemos muitas dificuldades, mas sempre recebemos um financiamento muito importante e contínuo. Pela primeira vez, nós, pesquisadores, conseguimos estabelecer uma equipe permanentemente envolvida com o projeto”, avalia Ana Paula Fernandes, uma das pesquisadoras.

Centro Nacional de Vacinas

Com a parceria da UFMG com o MCTI, o CTVacinas vira um centro nacional de vacinas, com recursos no total de R$ 80 milhões.

A ideia é que o local seja um ponto para desenvolvimento de novos projetos de inovação na área de imunizantes. Isso inclui novas plataformas vacinais, de kits diagnósticos e de fármacos. Pesquisadores que atuam com o desenvolvimento de vacinas, em todo o Brasil, poderão usar a estrutura.

Nicole Vasques

Jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), escreve para o BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.
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Nicole Vasques

Email: [email protected]

Jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), escreve para o BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

Asafe Alcântara

Email: [email protected]

Coordenador de mídias digitais e repórter, no BHAZ, desde setembro de 2021. Atualmente concilia como repórter na Record TV Minas. Jornalista graduado pelo UNI-BH, com experiência em redações de veículos de comunicação, como RedeTV! BH, TV Band Minas, TV Alterosa, TV Anhanguera (afiliada Globo GO), TV Justiça e CNN Brasil.

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