O colapso do sistema de saúde de Manaus, no Amazonas, é mais real do que nunca: com o avanço dos casos de Covid-19 na cidade e com o aumento de internações, os hospitais sofrem com falta de oxigênio, sobrecarga dos profissionais de saúde e cemitérios lotados. Vídeos e imagens publicados nas redes sociais hoje (14) ilustram a situação crítica do município.
A demanda por oxigênio hospitalar em estabelecimentos públicos de saúde do Amazonas superou, na terça-feira (12), a média diária de consumo em mais de 11 vezes. Para piorar, na semana passada, a principal produtora do insumo, a White Martins, informou às autoridades que estava operando no limite de sua capacidade. Na ocasião, segundo o governo do estado, o consumo tinha quintuplicado.
Quem não é da área talvez não entenda o impacto.
— Atila Iamarino (@oatila) January 14, 2021
Sem oxigênio, a mortalidade da COVID não são "só" os infectados. É toda a ala hospitalar. Pelos próximos dias. É do bebê prematuro ao paciente em coma por um acidente de carro.
É um desastre humanitário. Que começou em Manaus. https://t.co/5VIIwodEjB
Vídeos ilustram caos
Um vídeo mostra vários pacientes de um hospital deitados em macas no corredor do centro de saúde, já que as salas não são suficientes para a demanda de internação. Em outro vídeo, uma profissional da saúde que atua no local aparece chorando, supostamente por causa do estresse e da sobrecarga enfrentados no combate à situação crítica da Covid-19.
Colapso em hospitais de Manaus, imagem do hps Platão Araujo #manaus #amazonas #COVIDー19 pic.twitter.com/2DS9OSbj3p
— Igor Mendonça (@h3_igor) January 14, 2021
Sabe o que é isso? Desespero de quem tá lutando todo dia contra isso e tá vendo as pessoas morrerem sem poder fazer nada já que não tem oxigênio pra todo mundo.
— leo salles⁷•ᶜʳᶠ (@leosallees) January 14, 2021
OXIGÊNIO PARA MANAUS pic.twitter.com/JTCCiEPUCk
Um médico intensivista que trabalha no Hospital Universitário Getúlio Vargas chegou a fazer um apelo, por meio do Instagram, para que moradores de Manaus emprestassem oxigênio para o centro de saúde. “Quem tiver oxigênio em casa, vá lá por favor, traga o que está sobrando, que vai ser bem-vindo”, publicou Anfremon D’ Amazonas na rede social.
OXIGÊNIO PARA MANAUS
— caroline lins (@carolinelins) January 14, 2021
essa é a situação que estamos vivendo aqui: pic.twitter.com/bb19wSnxGa
Profissionais da saúde e acompanhantes de pacientes se mobilizam para transportar oxigênio para o hospital. A técnica de enfermagem aposentada Solange Batista contou ao G1 que precisou comprar oxigênio para a irmã, que está internada no Hospital Getúlio Vargas. “Não tem oxigênio. [Minha irmã] está sendo ambuzada para sobreviver (com respirador manual), com saturação a menos de 60%. E não é só ela. É muita gente”, contou ela.
‘Não tem oxigênio. Minha irmã está sendo ambuzada para sobreviver (com respirador manual), com 60% de saturação. Não é só ela. Famílias estão comprando oxigênio. Um descaso. Em um hospital federal. Tanta gente morrendo por asfixia’
— Fernando Oliveira (@FernandoCesar) January 14, 2021
–Solange Batista, técnica de enfermagem#Manaus pic.twitter.com/uTpB1P3yWc
Circulação proibida
Ainda na tarde de hoje, o governador do Amazonas, Wilson Lima, anunciou a proibição de circulação de pessoas em Manaus entre 19h e 6h. A medida também determina o fechamento de todas as atividades não essenciais na capital, e deve valer por dez dias a partir da publicação do decreto.
Também hoje, o governo do Pará decidiu proibir a entrada no estado de embarcações de passageiros provenientes do Amazonas, com quem faz divisa. Assinado pelo governador Helder Barbalho, o texto sugere que o objetivo da iniciativa é conter a disseminação da Covid-19. Em nota, o governo estadual informou que a possibilidade de restringir também deslocamentos aéreos não está descartada.
Boa noite, pessoal. Venho informar que amanhã vamos publicar um decreto proibindo a circulação de embarcações com passageiros entre o Pará e o Amazonas. Esta é uma medida preventiva para conter o contágio do coronavírus no nosso Estado.
— Helder Barbalho (@helderbarbalho) January 13, 2021
#ParáContraoCoronaVírus. pic.twitter.com/yGpUXBMoaS
Enem
Ainda por causa do avanço da Covid-19, a prefeitura de Manaus informou, ontem, que as escolas municipais não seriam liberadas para a realização do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que tem a primeira prova marcada para o próximo domingo (17). A Justiça Federal suspendeu a aplicação do exame no estado.
“É uma temeridade, sobretudo nesse momento. Hoje é dia 13. A prova será daqui a quatro dias e sabemos que a situação de Manaus em relação a pandemia não vai acalmar até lá. Abrir as escolas para o Enem representa aglomeração na frente e no interior delas. Enviamos as nossas razões ao Ministério Público e também sugerimos que o Enem seja adiado”, informou ontem o secretário municipal de Educação, Pauderney Avelino.
Mesmo com a situação crítica da saúde em Manaus, o Governo Federal decidiu recorrer da decisão de suspender o Enem na cidade. O recurso da AGU (Advocacia-Geral da União), oficializado na tarde de hoje, foi levado ao TRF-1 (Tribunal Regional Federal da Primeira Região), com sede em Brasília.
Com Agência Brasil