Vídeos ilustram caos e desespero no combate à Covid-19 em Manaus: ‘Desastre humanitário’

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Profissionais de saúde denunciam falta de oxigênio nos hospitais (Reprodução/Twitter + Centro de Comunicação Social da Aeronáutica/Divulgação)

O colapso do sistema de saúde de Manaus, no Amazonas, é mais real do que nunca: com o avanço dos casos de Covid-19 na cidade e com o aumento de internações, os hospitais sofrem com falta de oxigênio, sobrecarga dos profissionais de saúde e cemitérios lotados. Vídeos e imagens publicados nas redes sociais hoje (14) ilustram a situação crítica do município.

A demanda por oxigênio hospitalar em estabelecimentos públicos de saúde do Amazonas superou, na terça-feira (12), a média diária de consumo em mais de 11 vezes. Para piorar, na semana passada, a principal produtora do insumo, a White Martins, informou às autoridades que estava operando no limite de sua capacidade. Na ocasião, segundo o governo do estado, o consumo tinha quintuplicado. 

Vídeos ilustram caos

Um vídeo mostra vários pacientes de um hospital deitados em macas no corredor do centro de saúde, já que as salas não são suficientes para a demanda de internação. Em outro vídeo, uma profissional da saúde que atua no local aparece chorando, supostamente por causa do estresse e da sobrecarga enfrentados no combate à situação crítica da Covid-19.

Um médico intensivista que trabalha no Hospital Universitário Getúlio Vargas chegou a fazer um apelo, por meio do Instagram, para que moradores de Manaus emprestassem oxigênio para o centro de saúde. “Quem tiver oxigênio em casa, vá lá por favor, traga o que está sobrando, que vai ser bem-vindo”, publicou Anfremon D’ Amazonas na rede social.

Profissionais da saúde e acompanhantes de pacientes se mobilizam para transportar oxigênio para o hospital. A técnica de enfermagem aposentada Solange Batista contou ao G1 que precisou comprar oxigênio para a irmã, que está internada no Hospital Getúlio Vargas. “Não tem oxigênio. [Minha irmã] está sendo ambuzada para sobreviver (com respirador manual), com saturação a menos de 60%. E não é só ela. É muita gente”, contou ela.

Circulação proibida

Ainda na tarde de hoje, o governador do Amazonas, Wilson Lima, anunciou a proibição de circulação de pessoas em Manaus entre 19h e 6h. A medida também determina o fechamento de todas as atividades não essenciais na capital, e deve valer por dez dias a partir da publicação do decreto.

Também hoje, o governo do Pará decidiu proibir a entrada no estado de embarcações de passageiros provenientes do Amazonas, com quem faz divisa. Assinado pelo governador Helder Barbalho, o texto sugere que o objetivo da iniciativa é conter a disseminação da Covid-19. Em nota, o governo estadual informou que a possibilidade de restringir também deslocamentos aéreos não está descartada.

Enem

Ainda por causa do avanço da Covid-19, a prefeitura de Manaus informou, ontem, que as escolas municipais não seriam liberadas para a realização do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que tem a primeira prova marcada para o próximo domingo (17). A Justiça Federal suspendeu a aplicação do exame no estado.

“É uma temeridade, sobretudo nesse momento. Hoje é dia 13. A prova será daqui a quatro dias e sabemos que a situação de Manaus em relação a pandemia não vai acalmar até lá. Abrir as escolas para o Enem representa aglomeração na frente e no interior delas. Enviamos as nossas razões ao Ministério Público e também sugerimos que o Enem seja adiado”, informou ontem o secretário municipal de Educação, Pauderney Avelino.

Mesmo com a situação crítica da saúde em Manaus, o Governo Federal decidiu recorrer da decisão de suspender o Enem na cidade. O recurso da AGU (Advocacia-Geral da União), oficializado na tarde de hoje, foi levado ao TRF-1 (Tribunal Regional Federal da Primeira Região), com sede em Brasília.

Com Agência Brasil

Edição: Roberth Costa
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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