Neymar diz em julgamento na Espanha que só assinava documentos a pedido do pai

Neymar
Neymar é acusado pelo Ministério Público espanhol pelo crime de corrupção privada (Lucas Figueiredo/CBF)

O jogador do PSG e da seleção brasileira Neymar, réu em um processo sobre supostas irregularidades na transferência entre o Santos e o Barcelona, afirmou em julgamento em tribunal na Espanha que não participou da negociação com os clubes. Segundo o atleta, ele só assinava os documentos a pedido do pai.

Neymar prestou depoimento à Justiça da Espanha nesta terça-feira (18), no segundo dia do julgamento que vai até o dia 31. Um dia antes (17), a defesa do jogador pediu a liberação dele, alegando que o atleta estaria cansado depois do jogo da noite de domingo (16).

Ao depor nesta terça-feira, o craque foi questionado pela promotoria se participou da negociação de um contrato com o Barcelona de novembro de 2011. Primeiro, Neymar disse que não se lembrava, mas depois citou o papel do pai como empresário.

“Não participei da negociação, isso é tudo com meu pai que sempre cuidou e sempre vai cuidar. Eu assino tudo que ele me manda”, disse. O pai, que também prestou depoimento, confirmou a declaração e afirmou que o filho “sempre se preocupou em jogar futebol”.

Julgamento de Neymar

Neymar é acusado pelo Ministério Público espanhol pelo crime de corrupção privada. A investigação aponta que houve valores ocultados na negociação da saída do jogador do Santos e na transferência para o Barcelona, consolidada em 2013.

O grupo DIS, fundo de investimentos privados no futebol que detinha 40% dos direitos econômicos do atleta, afirma que o contrato foi fraudado para que a empresa não recebesse o valor correto pela transferência.

À época, o Barcelona informou que a transferência custou 57 milhões de euros – o que hoje corresponde a quase R$ 300 milhões. No entanto, a investigação aponta que o valor do contrato foi de 86,2 milhões de euros, cerca de R$ 440 milhões.

“Os direitos de Neymar não foram vendidos a quem apresentou maior oferta. Neymar, seus pais e os dirigentes dos dois clubes traíram a confiança dos irmãos Sonda, que investiram no jogador”, disse o advogado do grupo DIS, Paulo Nasser, em entrevista coletiva na última sexta-feira (14).

Os promotores espanhóis pedem a prisão de Neymar por dois anos, além do pagamento de uma multa de 10 milhões de euros. Os pais do atleta; os dirigentes do Santos e do Barcelona; a empresa dos pais de Neymar e os dois clubes também são processados.

Já a defesa de Neymar sustenta que o crime de corrupção privada não existe no Código Penal brasileiro e que só passou a existir na Espanha em 2014.

Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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