No Brasil, o número 24 representa o veado no jogo do bicho. Socialmente, a a associação pejorativa do número à homossexualidade e as “brincadeiras” homofóbicas revelam um preconceito já naturalizado no brasileiro. No futebol, os dígitos chegam a ser evitados pelos jogadores e a campanha #PedeA24 foi criada para combater o problema.
O jornalista Mauro Beting lançou, por meio da revista Corner, a iniciativa que se opõe à homofobia no futebol. “Você pode escrever diferente, numerar e nomear sentimentos, e começar uma frase com um número. A gente precisa iniciar uma nova fase vestindo 24. Não é tamanho. É documento de um novo tempo”, escreveu ele no manifesto da campanha (leia na íntegra abaixo).
Ver essa foto no InstagramNa próxima #corner, por @maurobetingoficial #PedeA24
Uma publicação compartilhada por Corner (@leiacorner) em
O movimento foi lançado depois que o diretor de futebol do Corinthians, Duílio Monteiro, fez uma declaração homofóbica disfarçada de piada ao anunciar o jogador colombiano Victor Cantillo. O volante sempre usou a camisa de número 24 fora do Brasil, mas, ao ser apresentado no Timão com a camisa 8, o diretor disse, rindo: “Vinte e quatro aqui não”.
Depois da repercussão negativa, Duílio se desculpou nas redes sociais e, na quinta-feira (30), o volante colombiano jogou com a camisa 24. Na quarta-feira (29), o volante Flávio, do Bahia, entrou em campo com a camisa do número, em continuação à campanha que o clube lançou contra a homofobia.
Número proibido? #NúmeroDoRespeito ??️? pic.twitter.com/R85OY7u4AQ
— Esporte Clube Bahia (@ECBahia) January 28, 2020
A iniciativa #PedeA24 se popularizou nas redes sociais e chegou até a televisão. Nos programas Jogo Aberto, da Band, e Redação SporTV, da Rede Globo, camisas com o nome da campanha foram exibidas pelas jornalistas Renata Fan e Fabíola Andrade em apoio à luta contra a homofobia.
Pede a 2⃣4⃣
— SporTV (@SporTV) January 31, 2020
??#RedacaoSporTV pic.twitter.com/TBgF7j8jMF
#PedeA24 com Renata Fan pic.twitter.com/G8oPXRJphy
— Corner (@leiacorner) January 31, 2020
#PedeA24 pic.twitter.com/Vlqtl6mQSC
— Calciopédia (@calciopedia) January 31, 2020
#PedeA24 pic.twitter.com/pLj5WyRsLV
— Corner (@leiacorner) January 30, 2020
Chega de homofobia no futebol. Chega de infantilidade. #PedeA24 pic.twitter.com/plmx1X2rCD
— Mariana Spinelli (@marianaspinelIi) January 31, 2020
Manifesto da campanha
Por Mauro Beting
“24!
Você pode escrever diferente, numerar e nomear sentimentos, e começar uma frase com um número. A gente precisa iniciar uma nova fase vestindo 24. Não é tamanho. É documento de um novo tempo.
Você escolhe o seu número. E se você não acolhe quem escolhe, isso tem nome: preconceito. Vários nomes feios: intolerância. Ignorância. Homofobia.
Você escolhe o seu clube que o acolhe. Você precisa acolher quem escolhe diferente. Se você discrimina um número, você não tolera nomes. Você se incrimina. Se você não aceita isso, não vem pro nosso jogo brincar. E a gente está falando sério.
Quem não veste a 24 não tem número que caiba e só pode vestir a carapuça de algoz. De algo que tem nome: homofobia.
24 não é só um número qualquer. Ele carrega as digitais criminosas do preconceito. Não mais! São dois dígitos que contam para quem precisa virar esse jogo.
Vista o número que quiser e vem jogar com a gente. Em nosso time sempre cabe mais um.
Mais 24 em campo. É o que a gente pede. Você também pode.
#PedeA24“