Rebeca Andrade garantiu para o Brasil a prata na Final Individual Geral da Ginástica Artística nas Olimpíadas de Paris. A confirmação veio na tarde desta quinta-feira (1) quando a ginasta acumulou 57.932 pontos na Arena de Bercy. Essa é a quarta medalha olímpica da atleta.
O primeiro lugar ficou com a favorita Simone Biles, dos Estados Unidos, com 59.131 pontos. Outra norte-americana, Sunisa Lee (56.465), levou para casa a medalha de bronze. A brasileira Flávia Oliveira se consagrou como a 9° melhor ginasta do mundo.
A competição geral elegeu a ginasta mais completa do mundo, levando em conta a performance das atletas em quatro aparelhos: salto, barras assimétricas, trave de equilíbrio e solo. Confira os resultados do Brasil abaixo.
Rebeca iniciou os trabalhos no salto com um “Cheng” nas alturas, garantindo uma nota 15.100. O salto “Cheng” é uma homenagem a um movimento de alta dificuldade batizado pela chinesa Cheng Fei, campeã olímpica nos Jogos de Pequim, em 2008. Nele, a ginasta faz um rodante com meia volta antes de chegar à mesa, e depois executa um mortal para frente com uma pirueta e meia.
Já na rotação de paralelas, a jovem teve um ótimo desempenho e ficou com 14.666. Na trave, Rebeca teve um desequilíbrio no mortal layout, o que culminou em uma nota 14.133.
Rebeca Andrade fechou o bloco de apresentações com a performance no solo ao som de Movimento da Sanfoninha, da Anitta e Baile de Favela, de MC João. A série garantiu a nota de 14.033 para a brasileira.
Resultados do Brasil
Salto
Rebeca Andrade: 15.100
Flávia Saraiva: 13.633
Barras assimétricas
Rebeca Andrade: 14.666
Flávia Saraiva: 13.900
Trave de equilíbrio
Rebeca Andrade: 14.133
Flávia Saraiva: 14.266
Solo
Rebeca Andrade: 14.033
Flávia Saraiva: 12.333
Brasil leva o bronze na final por equipes
O Brasil fez história na Ginástica Artística já na terça-feira (30). Rebeca Andrade, Flávia Saraiva, Jade Barbosa, Júlia Soares e Lorrane Oliveira subiram ao pódio na Arena Bercy para receber a medalha de bronze. Elas somaram 164.497 pontos, ficando atrás apenas dos Estados Unidos (171.296) e da Itália (165.494).
A façanha é resultado de um esforço cultivado há anos. A confirmação de que o Brasil havia se inserido no rol das potências da Ginástica Artística Feminina já havia sido dada no Mundial da Antuérpia, no ano passado. Naquela ocasião, o mesmo quinteto havia somado 165.530 pontos. A repetição do pódio, nos Jogos Olímpicos, sob todos os holofotes, consolida as brasileiras entre as grandes.
Rebeca deu contribuição decisiva ao cravar um salto que valeu a nota 15.100. A guarulhense executou um cheng primoroso, que foi suficiente para levar o Brasil ao pódio. A atual campeã olímpica do salto contou o que lhe passou na cabeça antes de saltar. “Estava um pouco nervosa e cansada do solo. Mas é aquilo, né? Confiança no nosso trabalho, não tem o que discutir. Fui lá e sabia o que tinha que fazer. Confiar na nossa equipe e nosso trabalho faz toda a diferença. Foi daí que saiu o 15.100″, contou, com a simplicidade que lhe é peculiar.
Flavinha literalmente deu o sangue pela conquista. No aquecimento a carioca sofreu uma queda que resultou num corte no supercílio. Após a competição, ela lembrou o momento do susto, e disse que não percebeu que estava sangrando após bater o rosto. O treinador Francisco Porath Neto é que notou o sangramento e a ajudou a se levantar. “Depois daquilo ali eu já estava aquecida”, disse a ginasta, abrindo um grande sorriso.
Jade, atleta que brilha para o grande público desde os Jogos Pan-Americanos do Rio, de 2007, ocasião em que conquistou o ouro justamente no salto, fez uma espécie de relato histórico.
“É até difícil falar nesse momento. A gente trabalhou muito duro, dia após dia. Poucas pessoas vão saber o quão duro foi, a maioria aqui dentro do time. Estamos felizes com o que conseguimos fazer hoje. A gente treinou para cada situação dessa, cada passo fez diferença. Mas é isso que faz uma equipe, é isso que faz uma família. Tenho orgulho do que construímos nesse período todo e hoje a gente colhe o fruto de muitas gerações, é até difícil acreditar que está rolando isso”, afirma.
Henrique Motta, diretor esportivo da Comitê Brasileiro de Ginástica, comentou a importância do resultado. “Sempre sonhamos com uma conquista como essa. E é simples explicar o motivo. Trata-se de uma comprovação de que não contamos com apenas uma ou duas atletas fortes, mas com uma equipe. Sermos representados por um time tão forte significa que temos alicerces na Ginástica Artística. Temos engrenagens funcionando: treinadores, profissionais das equipes multidisciplinares, federações, clubes, patrocinadores, árbitros. É toda uma comunidade, é muita gente empenhada com o mesmo foco. Isso é a realização de uma vida”.