Ronaldo rebate Conselho em carta aberta com a versão dele sobre a SAF Cruzeiro

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O Conselho do Cruzeiro rebateu os termos do contrato assinado por Ronaldo (Gustavo Aleixo/Cruzeiro)

Após o vazamento de uma carta da Mesa Diretora do Conselho do Cruzeiro que classificava a venda de 90% da SAF para Ronaldo como “lesiva”, o empresário e sua empresa Tara Sports divulgaram hoje (17) uma carta aberta ao torcedor do clube, dando a sua versão sobre o negócio (veja abaixo). Segundo o ex-atleta, o valor inicial do investimento no clube celeste será de R$ 50 milhões, com R$ 350 milhões correspondentes a “investimento direto ou incremento de receitas”.

No mesmo texto, Ronaldo criticou o comunicado escrito pela Mesa Diretora. Segundo ele, a carta “expõe parcialmente dados confidenciais e distorce a realidade dos termos firmados na proposta apresentada ao Cruzeiro”.

A carta de Ronaldo

Segundo o empresário, tal divisão dos R$ 400 milhões é benéfica para o Cruzeiro. “A opção de incremento de receita favorece diretamente a associação, uma vez que a lei das SAF obriga o repasse de 20% das receitas para quitação da dívida bilionária acumulada por anos de má gestão – fato esse que pode gerar mais R$70 milhões em receitas para a quitação da dívida e que parece ser ignorado pelos responsáveis pela Nota”, alega.

Na visão de Ronaldo, a transferência das Tocas I e II da associação para a SAF pode ser fundamentada “simplesmente para proteção de patrimônio do Cruzeiro diante de uma realidade [financeira] que se revelou significativamente mais grave”.

De acordo com o empresário, as propriedades do clube correm o risco de serem confiscadas. “Hoje a Toca I, a sede do Barro Preto e parte de todas as receitas do futebol estão comprometidas em razão de dívidas tributárias de aproximadamente R$400 milhões, as quais não estavam previstas na negociação inicial. No curto prazo, os imóveis podem ser leiloados e as receitas apropriadas por falta de pagamento.”.

“Por fim, acreditamos em trabalho silencioso, sem dar publicidade a pontos contratuais em respeito às cláusulas de confidencialidade que devem ser cumpridas. O Cruzeiro precisa de estabilidade para seguir o caminho da reconstrução. O Conselho do clube é soberano e acreditamos que o julgamento dos pleitos será feito de maneira coerente levando em consideração o melhor para o Cruzeiro”, finaliza a nota de Ronaldo (íntegra mais abaixo).

Ronaldo durante visita à Toca II em janeiro deste ano (Gustavo Aleixo/Cruzeiro)

A carta do Conselho

Ao final da tarde de ontem (16), foi vazado o conteúdo de um comunicado assinado pela Mesa Diretora do Conselho Deliberativo da associação civil do Cruzeiro. Na carta, havia uma série de questionamentos sobre os detalhes do contrato de Ronaldo, intermediado pela XP Investimentos.

De acordo com a carta do Conselho, nenhuma dívida será paga por Ronaldo. Na época do anúncio da intenção de compra, foi divulgado que ele assumiria cerca de R$ 1 bilhão em dívidas. Ainda segundo a Mesa, ele investirá apenas R$ 50 milhões diretamente, e não R$ 400 milhões. Para completar o valor, o dinheiro restante teria origem nas receitas geradas pela nova gestão.

A Mesa, porém, não se opôs à Recuperação Judicial ou Extrajudicial ressaltada por Ronaldo. Esse processo e a transferência de propriedades para a SAF necessitam de aprovação do Conselho.

O Conselho defende que o contrato não é positivo para o clube. “Entendemos que a negociação capitaneada pela XP e com a anuência do Presidente Sérgio Santos Rodrigues é, de um lado, extremamente lesiva e desproporcional ao Cruzeiro, e, de outro, excessivamente benéfica ao Ronaldo, motivo pelo qual buscamos um reequilíbrio de todas as questões envolvidas no negócio”.

Assinatura do contrato de intenção de compra em dezembro/2021 (Divulgação/XP Investimentos)

Carta de Ronaldo na íntegra

Leia o conteúdo completo da carta divulgada por Ronaldo e sua empresa Tara Sports:

Diante da Nota Oficial emitida pela Mesa Diretora do Conselho Deliberativo do Cruzeiro Esporte Clube, assinada por Nagib Simões, Mauricio Silva, Marcus Lambertucci, Evandro Vassali, Alvimar Perrella, Bruno Lourenço, Paulo Henrique Pentagna Guimarães, Aquiles Diniz, Alexandre Azevedo, Pedro Lourenço e Régis Campos, que expõe parcialmente dados confidenciais e distorce a realidade dos termos firmados na proposta apresentada ao Cruzeiro Esporte Clube, esclarecemos os seguintes fatos:

O valor de investimento previsto na proposta de aquisição define um aporte inicial de R$50 milhões, além de um compromisso de investimento de mais R$350 milhões que pode ser feito através de incremento de receitas ou de aporte direto. Vale ressaltar que a opção de incremento de receita favorece diretamente a associação, uma vez que a lei das SAF obriga o repasse de 20% das receitas para quitação da dívida bilionária acumulada por anos de má gestão – fato esse que pode gerar mais R$70 milhões em receitas para a quitação da dívida e que parece ser ignorado pelos responsáveis pela Nota.

Vale ressaltar também que o pedido de inclusão das Tocas I e II na transação é simplesmente para proteção de patrimônio do Cruzeiro diante de uma realidade que se revelou significativamente mais grave do que aquela indicada nas informações inicialmente disponibilizadas e que foram utilizadas para a elaboração da proposta apresentada ao Cruzeiro. Hoje a Toca I, a sede do Barro Preto e parte de todas as receitas do futebol estão comprometidas em razão de dívidas tributárias de aproximadamente R$400 milhões, as quais não estavam previstas na negociação inicial. No curto prazo os imóveis podem ser leiloados e as receitas apropriadas por falta de pagamento.

A SAF se coloca como facilitadora não apenas para encontrar os meios de pagamento dessa dívida, como também para recolocar o futebol do Cruzeiro no seu lugar de protagonista do futebol brasileiro. Em contrapartida, o controle das Tocas pela SAF garante que o patrimônio do futebol não seja colocado mais uma vez em risco.

Por fim, acreditamos em trabalho silencioso, sem dar publicidade a pontos contratuais em respeito às cláusulas de confidencialidade que devem ser cumpridas. O Cruzeiro precisa de estabilidade para seguir o caminho da reconstrução. O Conselho do clube é soberano e acreditamos que o julgamento dos pleitos será feito de maneira coerente levando em consideração o melhor para o Cruzeiro.

#FechadoComOCruzeiro

Tara Sports
Ronaldo

Edição: Roberth Costa
Beatriz Kalil Othero[email protected]

Jornalista formada pela UFMG, escreve para o BHAZ desde 2020, e atualmente, é redatora e fotógrafa do Portal. Participou de reportagens premiadas pela CDL/BH em 2021 e 2022, e pela Rede de Rádios Universitárias do Brasil em 2020.

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