Torcidas do Brasil se unem e criam propostas de combate à LGBTfobia no futebol

Coletivo Canarinhos Arco-Íris
Coletivo mandou propostas de combate à LGBTfobia a nível nacional (@AthleticoLGBTQ + @mariasdemg/Twitter/Reprodução)

Dando mais um passo na luta pela visibilidade e aceitação da população LGBTQi+ no futebol, torcidas de clubes por todo o Brasil formaram o Coletivo Nacional Canarinhos Arco-Íris. Unidas, as torcidas enviaram propostas de combate à LGBTfobia para entidades do futebol brasileiro.

A Marias de Minas, torcida LGBT que tenta ressignificar o apelido preconceituoso que a torcida cruzeirense recebeu, está à frente do coletivo e já havia enviado uma cartilha às instituições do futebol mineiro. Agora, junto a torcidas de outros times, a causa ganha mais força.

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As propostas já foram enviadas a organizações como clubes da série A, B e C, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), a Procuradoria-Geral da República (PGR), o Ministério de Justiça e Segurança Pública, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol (STJD), entre outras.

“O documento foi elaborado com base em inúmeros depoimentos de vítimas e casos de expressões preconceituosas desse crime que já gera paralisação de diversos jogos no Brasil. Para a torcida, muitos clubes se intitulam o ‘time do povo’, mas ainda não contemplam a todos”, explicou Yuri Souza, idealizador do Marias de Minas, ao BHAZ.

Além da torcida mineira, o Coletivo Nacional Canarinhos Arco-Íris é formado pela LGBTricolor (Bahia), Papão Livre (Paysandu), Vozão Pride (Ceará), Timão LGBTQI+ (Corinthians), Orgulho Rubro Negro (Vitória-BA), Coxa LGBTQI+ (Coritiba), Athletico LGBTQI+ (Athletico-PR) e o torcedor De Lucca (ex Palmeiras livre).

Desde a criação da Marias de Minas, os integrantes da torcida vêm sofrendo ataques homofóbicos na internet e ridicularizações por causa do nome escolhido. Para Yuri, o importante agora é conscientizar, e não atacar de volta. “Resolvemos assumir a postura de não confrontar negativamente os comentários. Sabemos o quanto é bobo se sentir ofendido por um nome feminino”, finalizou ele.

As propostas

A fim de prevenir os casos de LGBTfobia e proteger a comunidade, combatendo práticas de violência e expressões preconceituosas durante os jogos de futebol realizados no Brasil, estas foram as propostas enviadas às autoridades:

  • A correção da Recomendação 01/2019 do STJD, publicada em 01 de agosto de 2019, que cita opção sexual ao invés de orientação sexual e identidade de gênero;
  • Solicitamos que medidas e protocolos sejam adotados afim de garantir a segurança de pessoas LGBTs durante as partidas de futebol nos estádios do Brasil;
  • A garantia de revista de mulheres trans por policiais femininas nas entradas dos estádios;
  • Respeito ao nome social das pessoas travestis e transexuais nos registros de associados e associadas dos clubes;
  • Estímulo para criação de torcidas e movimentos que ajudem a debater a temática de combate à LGBTfobia nos clubes e acolhimento dos que tem surgido no último período;
  • A escolha de rodadas dos campeonatos onde todos os times entrem com faixas contendo mensagens de combate à LGBTfobia;
  • Exibição de VT de 30 segundos durante o intervalo de jogos, sobre LGBTfobia, seus males e a necessidade de combatê-la;
  • Criação de aplicativo para denúncia de casos de homofobia nos estádios;
  • Solicitamos ainda reunião com cada ente que recebeu esse ofício para dialogar sobre as medidas a serem adotadas e firmação de compromisso.
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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