Dando mais um passo na luta pela visibilidade e aceitação da população LGBTQi+ no futebol, torcidas de clubes por todo o Brasil formaram o Coletivo Nacional Canarinhos Arco-Íris. Unidas, as torcidas enviaram propostas de combate à LGBTfobia para entidades do futebol brasileiro.
A Marias de Minas, torcida LGBT que tenta ressignificar o apelido preconceituoso que a torcida cruzeirense recebeu, está à frente do coletivo e já havia enviado uma cartilha às instituições do futebol mineiro. Agora, junto a torcidas de outros times, a causa ganha mais força.
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O Coletivo Nacional de Torcidas LGBTQ “Canarinhos Arco-Íris” em conjunto com outras entidades LGBTQI+ enviou para diversas instituições de futebol, clubes, justiça e segurança pública um conjunto de propostas de combate à LGBTfobia no futebol brasileiro. pic.twitter.com/WFL39Hxnvt
— Torcida LGBTricolor (@lgbtricolor) February 19, 2020
As propostas já foram enviadas a organizações como clubes da série A, B e C, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), a Procuradoria-Geral da República (PGR), o Ministério de Justiça e Segurança Pública, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol (STJD), entre outras.
“O documento foi elaborado com base em inúmeros depoimentos de vítimas e casos de expressões preconceituosas desse crime que já gera paralisação de diversos jogos no Brasil. Para a torcida, muitos clubes se intitulam o ‘time do povo’, mas ainda não contemplam a todos”, explicou Yuri Souza, idealizador do Marias de Minas, ao BHAZ.
Além da torcida mineira, o Coletivo Nacional Canarinhos Arco-Íris é formado pela LGBTricolor (Bahia), Papão Livre (Paysandu), Vozão Pride (Ceará), Timão LGBTQI+ (Corinthians), Orgulho Rubro Negro (Vitória-BA), Coxa LGBTQI+ (Coritiba), Athletico LGBTQI+ (Athletico-PR) e o torcedor De Lucca (ex Palmeiras livre).
Desde a criação da Marias de Minas, os integrantes da torcida vêm sofrendo ataques homofóbicos na internet e ridicularizações por causa do nome escolhido. Para Yuri, o importante agora é conscientizar, e não atacar de volta. “Resolvemos assumir a postura de não confrontar negativamente os comentários. Sabemos o quanto é bobo se sentir ofendido por um nome feminino”, finalizou ele.
As propostas
A fim de prevenir os casos de LGBTfobia e proteger a comunidade, combatendo práticas de violência e expressões preconceituosas durante os jogos de futebol realizados no Brasil, estas foram as propostas enviadas às autoridades:
- A correção da Recomendação 01/2019 do STJD, publicada em 01 de agosto de 2019, que cita opção sexual ao invés de orientação sexual e identidade de gênero;
- Solicitamos que medidas e protocolos sejam adotados afim de garantir a segurança de pessoas LGBTs durante as partidas de futebol nos estádios do Brasil;
- A garantia de revista de mulheres trans por policiais femininas nas entradas dos estádios;
- Respeito ao nome social das pessoas travestis e transexuais nos registros de associados e associadas dos clubes;
- Estímulo para criação de torcidas e movimentos que ajudem a debater a temática de combate à LGBTfobia nos clubes e acolhimento dos que tem surgido no último período;
- A escolha de rodadas dos campeonatos onde todos os times entrem com faixas contendo mensagens de combate à LGBTfobia;
- Exibição de VT de 30 segundos durante o intervalo de jogos, sobre LGBTfobia, seus males e a necessidade de combatê-la;
- Criação de aplicativo para denúncia de casos de homofobia nos estádios;
- Solicitamos ainda reunião com cada ente que recebeu esse ofício para dialogar sobre as medidas a serem adotadas e firmação de compromisso.