Após dois anos, mulher que marido tentou matar é encontrada viva no mar

mulher boiando desaparecida
Angélica Gaitan foi encontrada viva, boiando no mar, após 2 anos desaparecida (Reprodução/Mirror UK)

Uma mulher de 46 anos, que havia desaparecido há dois anos, foi encontrada viva boiando no mar em Puerto Colômbia, naquele país, nesse sábado (26). A família de Angélica Gaitan não tinha ideia do paradeiro dela desde que perderam contato. A mulher foi encontrada por dois pescadores, ela estava com os olhos fechados e, aparentemente, atordoada. Segundo Angélica, ela fugiu de casa após o marido tentar matá-la.

Um vídeo mostra o momento em que Angélica Gaitan foi encontrada flutuando a dois quilômetros de uma praia, dois anos depois que sua família perdeu o contato com ela. As informações são do Mirror UK. Angélica estava tão debilitada que mal conseguia reagir quando chamada. O pescador Rolando Visbal tentou primeiro falar em espanhol e depois em inglês, tentando se certificar de que a vítima o entendia.

É possível ouvir o pescador gritando com a mulher, que é vista deitada em uma boia de borracha com os olhos fechados. Angélica foi arrastada até o barco por meio de uma corda amarrada ao salva-vidas que os pescadores haviam jogado em sua direção. Veja o vídeo:

A imprensa local relatou que os pescadores pensaram ser um tronco no mar – antes de Angélica levantar as mãos para sinalizar por socorro. Rolando é então tenta colocar a mulher atordoada no barco. Ele moveu o torso da mulher apenas o suficiente para ajudar a colocar seu corpo sobre a borda e com segurança na embarcação.

Os pescadores então tentaram conversar com ela e dar-lhe água, mas a mulher, que estava visualmente perturbada, começou a chorar e permaneceu nesse estado até o fim do vídeo. Quando ela finalmente pronunciou suas primeiras palavras após ser resgatada, disse: “Eu nasci de novo, Deus não queria que eu morresse”. Quando ela foi trazida para terra, moradores do local cuidaram dela antes de ser levada para o hospital. O que ela fez nos últimos dois anos e como acabou no mar está sendo investigado pela polícia.

Vítima relata anos de violência doméstica

Angélica disse mais tarde à rádio RCN que havia sofrido 20 anos de violência nas mãos de seu parceiro. Ela fugiu depois que seu marido tentou matá-la, ela afirmou, enquanto detalhava sua história. “Por 20 anos eu tive um relacionamento tóxico, era constantemente agredida por meu ex-marido. O abuso começou na primeira gravidez, ele me batia, me agredia violentamente. Na minha segunda gravidez, o abuso continuou e eu não pude me afastar dele porque as meninas eram pequenas. Muitas vezes eu denunciei, mas a polícia o levava embora por 24 horas e quando ele estava em casa novamente, a violência voltava junto”, desabafou Angélica.

Com a violência ininterrupta, ela decidiu fugir. “O dia em que decidi sair de casa foi depois de um ataque brutal. Em setembro de 2018, ele fraturou meu rosto e tentou me matar. Graças a Deus consegui escapar”, lembrou. Ela afirmou ter vivido em uma situação difícil na cidade de Barranquilla por seis meses.

Depois de procurar ajuda, ela foi alojada em um abrigo para moradores de rua, mas mergulhou em uma depressão profunda. “Eu não queria continuar com minha vida. Uma senhora me emprestou dinheiro para a passagem, e eu peguei um ônibus direto para o mar”, disse ela.

“Queria acabar com tudo, não tive ajuda de parte alguma nem da minha família, porque esse homem me afastou do meu círculo social, por isso não queria continuar vivendo”. Angélica disse que se lembra de estar na praia, ter se visto totalmente sozinha e sem esperanças e, num ato de desespero, pulou no mar. “Eu me deixei levar, queria que esse pesadelo acabasse logo”, acrescentou ela.

“O homem que me resgatou no meio do mar me disse que eu estava inconsciente, flutuando. Graças a Deus eu estava viva e ele me jogou um colete salva-vidas. Eles me levaram para um centro de saúde onde estou recebendo os cuidados necessários”, explicou. Segundo relatos, a mulher ficou flutuando na água por cerca de oito horas e foi levada a um hospital onde chegou em estado de choque.

A mãe e a irmão da mulher estão atualmente arrecadando dinheiro para transportá-la para a capital, Bogotá, onde vivem, e esperam que ela seja “cuidada pela família”. Os jornais locais relatam que Angélica afirma que sua família a abandonou depois que ela sofreu violência doméstica. Em 2018 ela teria se mudado para o Equador para ficar com seu irmão. O caso será investigado pela polícia.

Prevenção ao suicídio

Ligações para o Centro de Valorização da Vida (CVV), que auxilia na prevenção do suicídio, passaram a ser gratuitas em todo o país em julho do ano passado. Um acordo de cooperação técnica com o Ministério da Saúde, assinado em 2017, permitiu o acesso gratuito ao serviço, prestado pelo telefone 188.

Por meio do número, pessoas que sofrem de ansiedade, depressão ou que correm risco de cometer suicídio conversam com voluntários da instituição e são aconselhados. Antes, o serviço era cobrado e prestado por meio do 141.

A ligação gratuita para o CVV começou a ser implantada em Santa Maria (RS), há quatro anos, após o incêndio na boate Kiss, que matou 242 jovens. O centro existe há 55 anos e tem mais de 2 mil voluntários atuando na prevenção ao suicídio. A assistência também é prestada pessoalmente, por e-mail ou chat.

Onde e como denunciar a violência contra mulher?

Na capital mineira, além da Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher, existem ao menos outras três instituições que atendem esse público: Nudem (Núcleo de Defesa da Mulher), da Defensoria Pública; Casa Benvinda, da Prefeitura de Belo Horizonte; e Casa de Referência Tina Martins, do chamado terceiro setor, sem vínculo governamental. Além disso, existe também o aplicativo MG Mulher, do governo de Minas (veja aqui).

  • Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher: av. Barbacena, 288, Barro Preto | Telefones: 181 ou 197 ou 190
  • Casa de Referência Tina Martins: r. Paraíba, 641, Santa Efigênia | 3658-9221
  • Nudem (Núcleo de Defesa da Mulher): r. Araguari, 210, 5º Andar, Barro Preto | 2010-3171
  • Casa Benvinda – Centro de Apoio à Mulher: r. Hermilo Alves, 34, Santa Tereza | 3277-4380

Edição: Marcela Gonzaga
Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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