Em mais um dia de julgamento da Airbus e da Air France pelo voo Rio-Paris, que matou 228 pessoas ao cair no mar em 2009, os áudios das caixas-pretas do avião foram divulgados para o tribunal. As gravações revelam as falas dos pilotos nos últimos momentos antes da queda, e emocionaram envolvidos no julgamento do acidente aéreo.
Um dos advogados da associação Entraide et Solidarité AF447 contou à AFP sobre a divulgação dos áudios no tribunal, em Paris, nessa segunda-feira (18). Os quatro últimos minutos da gravação na cabine foram exibidos sem a presença do público ou da imprensa.
“Nós ouvimos as vozes do além. Foi um momento apavorante porque ouvimos os pilotos, que em vários trechos [dizem]: ‘Nós tentamos de tudo’. Eles não entendiam o que estava prestes a acontecer”, disse Alain Jakubowicz à agência.
Áudios restritos
Apenas juízes, secretários judiciais, advogados, as pessoas envolvidas no processo e as equipes dos acusados puderam entrar na sala de audiências. Todos tiveram que desligar os celulares para evitar a divulgação dos áudios da caixa-preta.
Jakubowicz disse que os familiares e amigos das vítimas do voo Rio-Paris tinham em mente um cenário apavorante, o que não se concretizou. “Para as famílias das vítimas, foi muito importante. Muitas pessoas dormiam, foram despertadas pela morte”, disse.
Ainda segundo a AFP, Ophélie Toulliou, que perdeu o irmão na queda de avião, descreveu o que ouviu. Segundo ela, os três pilotos “enfrentaram uma situação que não compreendiam e que os sobrepujou completamente, pessoas que demonstraram ter um sangue frio extraordinário e que ouvimos lutar até o final”.
Julgamento do voo Rio-Paris
Começou na última semana o julgamento referente ao acidente que matou as pessoas a bordo de um avião que saiu do Rio de Janeiro em direção a Paris, em 1º de junho de 2009. A companhia aérea Air France e a fabricante Airbus são rés no processo.
Ao todo, eram 216 passageiros e 12 tripulantes da equipe, sendo que 58 vítimas eram brasileiras. Os restos da aeronave, além de alguns corpos, foram encontrados dias após o acidente. Já as caixas-pretas só foram localizadas em abril de 2011, a quase 4 mil metros embaixo d’água.
As sondas que medem a velocidade do avião congelaram, o que acabou desligando o piloto automático. Desorientados, os pilotos não conseguiram impedir a queda, e a aeronave caiu no mar.