O título de Personalidade do Ano do Projeto de Relatórios de Crime Organizado e Corrupção de 2020 vai para o presidente Jair Bolsonaro. A ácida premiação é feita pelo OCCRP (Organized Crime and Corruption Reporting Project). Bolsonaro venceu por pouco de dois outros líderes populistas, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente turco, Recep Erdogan.
Para a organização, o presidente do Brasil tem diversas conexões com o crime organizado. “A família de Bolsonaro e seu círculo íntimo parecem estar envolvidos em uma conspiração criminosa em andamento e têm sido regularmente acusados de roubar as pessoas”, explica na publicação o editor do OCCRP e juiz do painel, Drew Sullivan.
Segundo a OCCRP, essas conexões incluem :
- Seu filho Carlos Bolsonaro, vereador do Rio de Janeiro, está sendo investigado por um esquema de repartição de salários na cidade. A ex-mulher de Jair também estaria envolvida no esquema.
- Seu outro filho, Flavio Bolsonaro, e outros associados estão envolvidos em um longo escândalo envolvendo suas atividades como deputado, onde ele supostamente dirigia uma rede de corrupção que lavava dinheiro e cometia fraudes.
- Flavio teria contrato os familiares de um homem acusado de dirigir um esquadrão da morte paramilitar que invadiu violentamente áreas do Rio de Janeiro por meio de violência e execuções sumárias, incluindo o assassinato de uma vereadora LGBT negra do Rio.
- Quando personalidades dos órgãos jurídicos e anticorrupção do país investigaram seu filho Flavio, Bolsonaro tentou minar as investigações mudando o chefe da Polícia Federal.
- Aliados importantes e seu filho Eduardo fizeram uma campanha de propaganda para enganar os eleitores.
- Seu amigo e aliado Marcelo Crivella, o prefeito do Rio de Janeiro, foi preso por operar o que os promotores disseram ser uma organização criminosa destinada a arrancar lucros do gabinete do prefeito.
A votação
O grupo de juízes da premiação é composto jornalistas investigativos, acadêmicos e ativistas de várias partes do mundo. Os mesmos selecionam um vencedor a cada ano. Na publicação do prêmio, o cofundador da OCCRP, Paul Radu, diz: “É difícil escolher. São tantos candidatos dignos. A corrupção é uma indústria em crescimento.”
Entre os vencedores anteriores do prêmio estão Vladimir Putin; o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev; e o presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte. O título destaca, desde 2012, as pessoas que mais prejudicam nações em todo o mundo por meio do crime organizado e da corrupção.
Segundo a organização, o intuito desse destaque é promover a responsabilização das pessoas em destaque. O presidente Jair Bolsonaro ainda não se posicionou publicamente sobre o título recebido.