Farmácias sem estoque, lojas fechadas e mais: Itália impõe quarentena e brasileiro relata mudanças

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Situação no país se divide entre prevenção de empresas e autoridades e indiferença de parte dos habitantes (Arquivo Pessoal/Israel Coelho)

Numa medida sem precedentes, o governo da Itália determinou que todos os habitantes do país têm de ficar em casa e só podem sair por motivos comprovados de saúde ou trabalho. As medidas de emergência para tentar travar a progressão do novo coronavírus passam agora a abranger todo o território italiano.

A partir desta terça (10), a quarentena imposta ao norte de Itália por causa da epidemia de Covid-19 foi estendida ao resto do país, como medida para conter a propagação do surto, conforme anunciou o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte. O cenário observado é de atrações turísticas e lojas fechadas, farmácias com pouco ou nenhum suprimento de álcool gel e máscaras, circulação regrada em supermercados e programação suspensa em diversos espaços públicos.

Segundo Conte, os cidadãos terão de comprovar a importância de seus trabalhos para continuar a exercer a atividade, além do estado de saúde e outras razões que justifiquem a necessidade de viajar para fora da área de residência. “Não haverá mais uma zona vermelha. Haverá Itália”, disse o primeiro-ministro à imprensa. Apesar do nome, a “quarentena” italiana deve durar pouco menos de um mês: está prevista para terminar no dia 3 de abril.

No cotidiano

Apesar da medida inédita e dos altos índices de registro do vírus no país – 9.172 infectados e 463 mortos até agora, tornando a Itália o segundo país com mais casos, atrás apenas da China -, a situação no cotidiano parece bem mais tranquila. Israel Coelho é estudante de Relações Internacionais e se mudou para a Itália há cerca de um mês. Ao BHAZ, ele contou que, desde a noite dessa segunda (9), quando o decreto foi instaurado, houve algumas mudanças, mas nada que altere significativamente as vidas dos cidadãos.

“Parece que o italiano olhou para a recomendação de ficar em casa e riu. Tem gente cortando o cabelo, em bar, comprando camisa social, comprando celular, fazendo tudo, quase como se acreditassem que não podem ficar doentes”, conta. Ele explica ainda que se surpreendeu com a pouca quantidade de pessoas que tomam cuidados básicos, como proteger o rosto: “A impressão que dá é que as coisas só estão assim porque o governo mandou fechar tudo”.

Mesmo com determinação do governo, italianos não têm se preocupado em cobrir o rosto (Arquivo Pessoal/Israel Coelho)

Por outro lado, existe uma preocupação maior principalmente por parte das autoridades e de empresas. “Muitas lojas hoje estavam fechadas e as que abriram estavam limitando a circulação de pessoas no interior. Cinemas e teatros também ficarão fechados até o dia 3”, explica Israel. Para ele, as medidas tomadas para proteção criam uma atmosfera de “cidade-fantasma” na capital italiana: “Parece The Walking Dead”.

A situação se repete nos espaços públicos que costumam atrair turistas durante todo o ano no país. Segundo o estudante, “as atrações turísticas que não têm o público controlado, como praças e parques, estão vazias e as atrações como Coliseu e museus do Vaticano estão fechadas por determinação do governo”.

Israel conta ainda que, mesmo com os habitantes menos preocupados, as farmácias já enfrentam falta de máscaras e álcool gel nos estoques: “Mas não é porque muita gente comprou. Como ninguém estava sabendo dessa quarentena, depois que baixou, todo mundo foi correndo comprar máscara e ninguém avisou as farmácias pra comprar mais máscara. Tem quem já tinha comprado antes e quem comprou ontem à noite depois que baixou a ordem. O resto está sem”.

Farmácias colocaram avisos de que as máscaras haviam acabado (Arquivo Pessoal/Israel Coelho)
Cinemas e teatros devem ficar fechados durante todo o período de quarentena (Arquivo Pessoal/Israel Quirino)

O sistema de transporte público italiano não foi afetado pelas medidas e continuará funcionando, com as pessoas podendo se deslocar ao trabalho. Mesmo com as restrições internas, as fronteiras do país também seguem abertas. No entanto, nos últimos dias, diversas companhias aéreas haviam reduzido ou cancelado temporariamente suas operações.

Com Agência Brasil

Giovanna Fávero[email protected]

Editora no BHAZ desde março de 2023, cargo ocupado também em 2021. Antes, foi repórter também no portal. Foi subeditora no jornal Estado de Minas e participou de reportagens premiadas pela CDL/BH e pelo Sebrae. É formada em Jornalismo pela PUC Minas e pós-graduanda em Comunicação Digital e Redes Sociais pela Una.

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