Diretora mostra escultura de David a alunos, é acusada de atitude ‘pornográfica’ e perde emprego

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A escultura de mármore enfureceu pais de alunos da sexta série nos Estados Unidos (Banco de Imagens/Pixabay)

A diretora de uma escola clássica de Tallahassee, na Flórida (Estados Unidos), acabou demitida após mostrar a alunos da sexta série a clássica escultura de David, de Michelangelo. Segundo o Tallasassee Democrat, que revelou o caso, um dos pais que se aborreceram chamou a atitude de “pornográfica”.

Hope Carrasquilla trabalhava na escola há menos de um ano. Ela disse ao Huffpost que o “protocolo” usual era enviar um pedido de autorização antes de exibir obras clássicas aos estudantes. Por conta de uma “série de falhas de comunicação”, a carta não chegou aos país. Assim, alguns deles reclamaram da nudez da escultura.

No início da semana passada, a escola deu à mulher a opção de se demitir ou ser dispensada. A reação do conselheiro escolar, Barney Bishop, não surpreendeu Carrasquilla. Mas, segundo contou ao jornal, não esperava que outros membros concordassem com a decisão.

‘Direitos dos pais superam o resto’

A escultura de mármore de Michelangelo mostra a figura bíblica nua de David. O artista começou a obra entre 1501 e 1504 e, atualmente, ela fica na Galleria dell’Accademica, em Florença, na Itália.

Ao Huffpost, o conselheiro Bishop disse que o incidente foi um dos “vários problemas” com a ex-diretora, apesar de não citar detalhes.

Ele explica que estava planejando dar aos pais ainda mais participação na educação primária de seus filhos. “Os direitos dos pais superam todo o resto”, avaliou, dizendo que o ensino remoto na pandemia deu uma visão melhor sobre a educação das crianças.

Valores conservadores

Carrasquilla já lecionava na educação clássica por uma década e sabia que, “de vez em quando, você tem um pai que fica chateado com a arte renascentista”. A Tallahassee Classical School é afiliada ao Hillsdale College, um instituto cristão conservador.

Ainda segundo o Huffpost, Hillsdale levantou fundos para a rede de escolas prometendo combater o ensino “esquerdista” e “distorcido” da história americana, como as lições sobre escravidão contidas no Projeto 1619, do The New York Times.

“Não usamos pronomes”, disse Bishop. “Não ensinamos CRT [Teoria Crítica da Raça] e nunca mencionamos 1619 – esses não são assuntos apropriados para nossos filhos”, acrescentou, acusando a ex-diretora de querer “ganhar muita publicidade” ao expor o ocorrido.

Na escola pública em questão, o corpo docente tem foco na educação clássica, filosofia centrada em uma educação tradicional de artes liberais ocidentais para “transmitir habilidades de pensamento crítico” aos jovens.

Nicole Vasques[email protected]

Jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), escreve para o BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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