Multidão lota aeroporto de Cabul para tentar fugir do Taleban

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Pessoas entraram em desespero na tentativa de deixar o Afeganistão após o Taleban retomar o poder (Reprodução/Redes sociais)

A tomada do poder pelo Taleban no Afeganistão causou uma corrida da população de Cabul aos bancos e ao aeroporto da capital para tentar fugir do país nesse domingo (15).

Vídeos nas redes sociais mostram uma multidão de pessoas, especialmente famílias, no Aeroporto Internacional Hamid Karzai, próximo à capital, andando pelas pistas, em meio a veículos militares e aviões.

É a primeira vez que os combatentes do grupo fundamentalista invadem a capital do Afeganistão desde 13 de outubro de 2001, quando tiveram de se retirar sob bombas norte-americanas e britânicas.

Testemunhas em um dos terminais do aeroporto de Cabul disseram ao jornal The New York Times que ouviram tiros e viram o estacionamento lotar com pessoas desesperadas em busca de voos.

Na tarde deste domingo, a embaixada dos Estados Unidos, que está funcionando neste momento dentro do aeroporto, disse que a segurança no local estava mudando rapidamente.

Segundo um funcionário da Otan, todos os voos comerciais foram suspensos e apenas aeronaves militares foram autorizadas a operar.

O presidente do país, Ashraf Ghani, também fugiu para o exterior. Em uma postagem nas redes sociais neste domingo, Ghani disse que se deparou com uma escolha difícil. “Deveria suportar enfrentar o grupo armado que quis entrar no palácio ou sair do país querido que dediquei minha vida para proteger”, escreveu.

Em seguida, afirma que o Taleban conseguiu retirá-lo. “Para evitar derramamento de sangue, achei melhor sair”, disse o presidente. Ghani não revelou detalhes sobre sua localização.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, autorizou neste domingo o envio de mais de mil soldados a Cabul para ajudar na evacuação de milhares de civis americanos e afegãos.

Outro movimento na cidade foi uma corrida aos bancos. O site de notícias Al Jazeera disse que centenas de moradores formaram filas nos caixas eletrônicos para sacar dinheiro de suas contas, na tentativa de esvaziar as economias para deixar o Afeganistão.

Além da população local, países ocidentais também aceleraram a retirada de funcionários e cidadãos residentes no país. Alemanha, França e Holanda transferiram diplomatas das embaixadas para o aeroporto de Cabul.

O Canadá fechou temporariamente sua embaixada após evacuar sua equipe antes da chegada do Taleban, segundo o Ministério das Relações Exteriores do país. Reino Unido, Itália, Dinamarca, Suécia e Espanha também anunciaram a evacuação de diplomatas.

A volta do Taleban ao poder

1994: Grupo fundamentalista islâmico é criado no norte do Paquistão após a retirada das tropas da antiga União Soviética do Afeganistão, país fronteiriço.

1996: Após confrontos com outras facções, os combatentes capturam Cabul, capital afegã, derrubam o regime do então presidente, Burhanuddin Rabbani, e instituem o Emirado Islâmico do Afeganistão.

2001: Depois de cinco anos no poder, o regime colapsa com os ataques de uma coalizão militar liderada pelos EUA; os americanos alegavam que o Taleban dava proteção à rede terrorista Al Qaeda, que realizou os ataques de 11 de setembro ao World Trade Center.

2012: Se organizando no exterior, principalmente no Paquistão, o grupo realiza um dos ataques de maior repercussão internacional: atira na estudante paquistanesa Malala Yousafzai, então com 14 anos, que se opunha publicamente ao Taleban.

2020: Em fevereiro, grupo assina um acordo de paz histórico com os EUA, cujas tropas estavam no Afeganistão desde 2001, para tentar colocar fim a um conflito de quase 20 anos; em outubro, o republicano Donald Trump, então presidente, anuncia a retirada das forças americanas.

2021: Em maio , o presidente Joe Biden inicia a retirada efetiva das tropas americanas; em agosto, o Taleban lança sua mais forte ofensiva em anos no Afeganistão e, em menos de três semanas, captura novamente a capital, Cabul.

Folhapress

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