A ilha de Barbados, no Caribe, cortou, nessa segunda-feira (29), seus laços com a Rainha Elizabeth II. Com isso, a monarca deixa de ser chefe de estado do país, e ele passa de colônia da Inglaterra a uma república. Na cerimônia de oficialização, a cantora Rihanna recebeu o título de heroína nacional. Além disso, a governadora do país, Sandra Mason, foi eleita como a primeira presidente da ilha, e passará a ocupar o cargo daqui para frente.
Na noite de ontem (29), o país celebrou o rompimento dos laços com a família real britânica em uma espetacular cerimônia. À meia-noite local, a multidão aplaudiu o nascimento da república, com uma saudação de 21 tiros e a reprodução do hino nacional de Barbados, segundo a NBC.
🇧🇧 AGORA: Barbados se torna a mais nova república do mundo.
— Eixo Político (@eixopolitico) November 30, 2021
Sandra Mason acaba de tomar posse como a primeira presidente da história de Barbados e, a partir desta terça-feira (30), a Rainha Elizabeth II não é mais a chefe de Estado da ilha. pic.twitter.com/7ZNmsvcklv
Rihanna é heroína nacional
Em meio a uma admirável exibição de fogos de artifício, dança e música, a primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley, declarou Rihanna como a heroína de Barbados. A cantora nasceu na ilha e viveu lá antes de ficar famosa mundialmente.
“Em nome de uma nação grata, mas um povo ainda mais orgulhoso, nós, portanto, apresentamos a designada para heroína nacional de Barbados, a embaixador Robyn Rihanna Fenty”, disse a primeira-ministra.
Ela ainda fez menção à música da cantora, “Diamonds”. “Que você continue a brilhar como um diamante e honrar sua nação por meio de seus trabalhos, de suas ações”. Assista ao momento:
BREAKING: Rihanna is conferred with the honor of National Hero of Barbados by the prime minister pic.twitter.com/I036f4O2zx
— philip lewis (@Phil_Lewis_) November 30, 2021
Príncipe Charles discurssa
O príncipe Charles esteve presente na cerimônia, e fez um discurso dizendo que a criação da república “oferece um novo começo”. Segundo o monarca, sua mãe, a rainha Elizabeth II, enviou à ilha seus “votos mais calorosos”.
“Desde os dias mais sombrios de nosso passado e a terrível atrocidade da escravidão que mancha para sempre nossa história, o povo desta ilha abriu seu caminho com extraordinária firmeza”, disse Charles.
A ilha permanecerá na Commonwealth of Nations (Comunidade das Nações), que é uma organização do parlamento do Reino Unido que reúne várias ex-colônias britânicas que a rainha Elizabeth II defendeu ao longo de sua vida.
‘Monarquia britânica causou sérios danos’
Para Kristina Hinds, professora sênior de ciência política na Universidade das Índias Ocidentais, em Barbados, a presença do príncipe na cerimônia foi “um pouco estranha”. “É problemático para aqueles entre nós que acreditam que a monarquia britânica, por mais importante que tenha sido para Barbados historicamente de maneira positiva, também causou sérios danos ao país”.
No entanto, ela não deixou de ressaltar a importância da ilha ter se tornado uma república. “É um passo monumental. Acho que faz parte da evolução de nossa independência e certamente já deveria ter acontecido há muito tempo”, apontou Kristina.
Escravidão
No século 17, os britânicos reivindicaram Barbados, tornando o país uma colônia lucrativa com o trabalho de milhares de pessoas levadas da África como escravas. Com isso, a ilha se tornou um grande centro de produção de açúcar, e enriqueceu os proprietários britânicos de escravos.
Várias pessoas de Barbados receberam bem a decisão da ilha romper os laços com os governantes britânicos. “Para os barbadianos, isso não é algo pessoal contra a rainha, mas sim sobre nosso orgulho nacional e governança”, disse René Holder-McClean-Ramirez, advogado e consultor da comunidade LGBTQ.