O caso de infecção mais longo do mundo: Homem testou 43 vezes positivo para a Covid-19

Dave BBC
Dave só se curou 290 dias depois da infecção (Reprodução/BBC Television)

O britânico Dave Smith, de 72 anos, viveu uma experiência de quase-morte entre este ano e o ano passado. O idoso testou 43 vezes positivo para a Covid-19, entre abril de 2020 e março de 2021. Enquanto isso, o aposentado perdeu 60 quilos e visitou o hospital em diversas ocasiões. Dave é o caso mais longo de infecção pelo novo coronavírus e está sendo estudado por cientistas da Universidade de Bristol, na Inglaterra.

“Eu contei, 43 vezes. E cada um positivo, uma semana depois, positivo. Meus níveis de energia caíram imediatamente. Eu não conseguia levantar nada. Uma vez eu tossi por cinco horas sem parar. Não digo tossir, parar, tossir, parar. Quero dizer tosse, tosse, tosse”, disse Dave em uma entrevista à BBC. “Rezava para que o próximo fosse negativo, mas nunca era”, lembra.

O aposentado chegou a organizar o próprio funeral e se despedir da família. “Fiquei resignado. Chamei minha família para fazer as pazes com todos e me despedi. Agora eu gostaria de ter mantido minha boca fechada”, brincou. “Fiz uma lista com as músicas que queria que tocassem em meu velório”, complementa.

A atitude não era um exagero. Após tanto tempo com o vírus no corpo, o britânico se encontrava muito debilitado. Dave saiu de um peso de 117kg para 64kg e já estava pronto para desistir da vida. “Eu disse para Lyn, minha esposa, me deixe ir. Eu disse ‘estou aguentando, mas está tão ruim agora, sou apenas uma geleia. Se eu for à noite, não se surpreenda'”, relata Dave. “Houve muitas vezes que pensamos que ele não iria se recuperar”, completou a esposa.

Caso está sendo estudado

Dave se recuperou. O aposentado comemorou o primeiro teste negativo de Covid com uma garrafa de champanhe, que estava guardada em casa há vinte anos. Apesar da recuperação, ele ficou com algumas sequelas, e hoje tem muito menos fôlego para exercer as atividades do dia a dia.

O britânico vem de uma sequência de problemas de saúde. Em 2018, precisou passar por uma quimioterapia pesada para tratar de leucemia. Já em 2019, realizou uma cirurgia no coração. No ano seguinte, o novo coronavírus. Mesmo com a imunidade baixa, os médicos não conseguem explicar totalmente a infecção fora da curva, assim como a recuperação de Dave.

Os médicos do Southmead Hospital usaram tratamentos experimentais que podem ter ajudado. “Havia uma chance pequena de que ele estava prestes a melhorar, por conta própria, e isso seria apenas uma coincidência. Isso seria uma história de paciente, uma anedota. Mas é bem convincente, já que ele estava mal fazia 10 meses ou mais e sua recuperação foi associada ao uso deste agente”, disse Ed Moran, médico do hospital onde Dave se tratou, à BBC.

O caso está sendo estudado na Universidade de Bristol. Os cientistas estão tentando descobrir, no momento, como o vírus se esconde e sofre mutações no corpo humano. Além, é claro, de tentar descobrir como o coronavírus conseguiu infectar alguém por tanto tempo. “É como se tivessem me dado minha vida de novo”, finaliza Dave.

Edição: Vitor Fernandes

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