O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, convocou uma reunião do comitê internacional para definir se o surto de ebola identificado na República Democrática do Congo configura emergência em saúde pública de interesse internacional. A previsão é que o grupo se reúna nesta quarta-feira (17) para a tomada da decisão.
Em agosto, o diretor-geral da OMS chegou a fazer um apelo para que todas as partes envolvidas em conflitos armados na República Democrática do Congo baixassem as armas e ajudassem a conter o avanço do surto. Na ocasião, Tedros disse estar mais preocupado com este novo surto da doença, identificado inicialmente na província de Kivu do Norte, do que ficou com o surto anterior, que atingiu a província de Equateur.
“Na noite em que ficamos em Beni [município de Kivu do Norte], houve um incidente a cerca de 15 quilômetros. Quatro civis foram mortos e vários deles foram sequestrados. Este ambiente é realmente propício para que o ebola se espalhe livremente”, disse.
A província de Kivu do Norte concentra mais de 1 milhão de refugiados e faz fronteira com Ruanda e com Uganda. O local registra grande movimento de pessoas em razão de atividades comerciais. A OMS chegou a alertar autoridades de países vizinhos para que se mantenham alertas e preparadas, caso seja necessário agir contra o ebola.
Números
De acordo com a última atualização da OMS, a República Democrática do Congo registrava, até segunda-feira (15), um total de 214 casos de ebola, sendo 179 confirmados e 35 prováveis. Há ainda 25 casos classificados de suspeitos e em fase de investigação. Também foram contabilizadas no país, segundo a entidade, 139 mortes provocadas pela doença.
O ebola
Dados do Ministério da Saúde do Brasil informam que a doença do vírus ebola, conhecida anteriormente como febre hemorrágica Ebola, é uma doença grave, muitas vezes fatal, com taxa de letalidade que pode chegar até os 90%. A doença afeta os seres humanos e primatas não-humanos, como macacos, gorilas e chimpanzés.
O ebola foi identificado pela primeira vez em 1976, em dois surtos simultâneos: um em uma aldeia perto do rio Ebola, na República Democrática do Congo, e outro em uma área remota do Sudão. A origem do vírus é desconhecida, mas os morcegos frugívoros (Pteropodidae) são considerados os hospedeiros prováveis do vírus ebola.
Transmissão
O ebola é introduzido na população humana por meio de contato direto com o sangue, secreções, órgãos ou outros fluidos corporais de animais infectados. Na África, os surtos provavelmente originam-se quando pessoas têm contato ou manuseiam a carne crua de chimpanzés, gorilas infectados, morcegos, macacos, antílopes florestais e porcos-espinhos encontrados doentes ou mortos, ou na floresta.
Depois que uma pessoa entra em contato com um animal que tem ebola, ela pode espalhar o vírus na sua comunidade, transmitindo-o para outras pessoas. O vírus ebola não é transmitido pelo ar. A infecção ocorre por contato direto com o sangue ou outros fluidos corporais ou secreções como, por exemplo, fezes, urina, saliva e sêmen de pessoas infectadas.
O período em que a pessoa infectada pode transmitir o vírus só inicia após o surgimento dos sintomas.
Durante um surto, as pessoas com maior risco de infecção são:
- Profissionais de saúde que atendem pacientes sem que as medidas de proteção estejam adotadas;
- Membros da família ou outras pessoas que têm contato próximo com as pessoas infectadas;
- Pessoas que têm contato direto com os corpos dos mortos como parte de cerimônias fúnebres;
- Caçadores que entram em contato com animais mortos encontrados na floresta.
Sinais e sintomas
O vírus ebola produz uma doença grave. O início súbito de febre, fraqueza intensa, dores musculares, dor de cabeça e dor de garganta são os sinais e sintomas típicos. Isto é seguido por vômitos, diarreia, disfunção hepática, erupção cutânea, insuficiência renal e, em alguns casos, hemorragia tanto interna como externa. O período de incubação, ou o intervalo de tempo entre a infecção e o início dos sintomas, pode variar de um até 21 dias. Os pacientes tornam-se contagiosos apenas quando começam a apresentar os sintomas, portanto são contagiosos durante o período de incubação. A confirmação dos casos de ebola é feita por exames laboratoriais específicos.
Prevenção
Atualmente, não há vacina para a doença do vírus ebola. Diversas vacinas estão sendo testadas, mas nenhuma delas está disponível para uso clínico, no momento. Nos países onde há transmissão do ebola, a melhor maneira de se prevenir é evitar contato com o sangue ou secreções de animais ou pessoas doentes, ou com o corpo de pessoas falecidas em decorrência dessa doença, durante rituais de velório.
Da Agência Brasil e Ministério da Saúde