O cardeal americano Robert Francis Prevost, de 69 anos, foi eleito o novo papa, o primeiro norte-americano. Com o nome de Leão XIV, ele se torna o 267º sucessor do apóstolo Pedro e substitui Francisco, que morreu em 21 de abril. Missionário por décadas no Peru, o novo pontífice tem perfil alinhado às visões do antecessor.
Nascimento
Robert Francis Prevost nasceu em 14 de setembro de 1955, em Chicago, nos Estados Unidos.
Formação e trajetória religiosa
Entrou para a Ordem de Santo Agostinho em 1977 e fez seus votos solenes em 1981. Foi ordenado sacerdote em 1982. Prevost é graduado em Ciências Matemáticas pela Universidade Villanova e possui mestrado em Teologia. Também é doutor em Direito Canônico pelo Pontifício Colégio São Tomás de Aquino, em Roma.
Serviu por anos como missionário no Peru, onde foi professor, formador, pároco e, mais tarde, bispo de Chiclayo. Antes disso, foi eleito duas vezes prior geral da Ordem dos Agostinianos (2001–2013).
Prefeito do Dicastério
Em janeiro de 2023, o Papa Francisco nomeou Prevost como prefeito do Dicastério para os Bispos – uma das funções mais influentes da Cúria Romana, responsável por coordenar a escolha de novos bispos no mundo todo. Ele ocupava esse cargo até sua eleição ao papado.
Nomeação como cardeal
Foi elevado a cardeal em 30 de setembro de 2023 pelo Papa Francisco, com quem compartilhava posições progressistas em temas como acolhimento a migrantes, cuidado com os pobres e atenção pastoral mais próxima da realidade das pessoas.
Posições e estilo pastoral
Segundo informações oficiais do Colégio Cardinalício, Prevost é conhecido pelo estilo discreto, escuta atenta e pela habilidade de síntese. Defende uma Igreja mais próxima dos fiéis e afirmou, em entrevista recente, que “o bispo não deveria ser um pequeno príncipe sentado em seu reino”. Ele é a favor de permitir que pessoas divorciadas e casadas novamente possam comungar, mas ainda é cauteloso ao lidar com assuntos ligados à comunidade LGBTQIA+ e com a recente decisão do Vaticano que permite bênçãos a casais homoafetivos.
Controvérsias
A trajetória de Prevost não passou ilesa por controvérsias. Durante seu período como provincial em Chicago, foi criticado por permitir que um padre acusado de abuso continuasse exercendo funções. O caso envolvia um sacerdote fora da ordem e ocorreu antes da implementação da Carta de Dallas, segundo seus defensores.
Mais recentemente, no Peru, enquanto bispo de Chiclayo, foi acusado de não agir com rigor diante de denúncias contra dois padres acusados de molestar três meninas. A diocese afirma que Prevost acolheu pessoalmente as vítimas, abriu investigação canônica e incentivou a denúncia civil. No entanto, em 2025, vieram à tona alegações de que a diocese teria pago US$ 150 mil às vítimas, o que levantou suspeitas de tentativa de silenciamento.
Conclave
Papa Leão XIV foi referendado pelos ritos de anúncio pelo cardeal francês Dominique Mamberti, nesta quinta-feira (8). Ele subiu à sacada Basílica de São Pedro e acenou para os fiéis.
Os 133 cardeais decidiram pelo líder no segundo dia do conclave. No primeiro dia de votações, nenhum cardeal alcançou dois terços — ou 89 dos 133 cardeais eleitores — dos apoios necessários. Mais cedo, durante a manhã , outras duas votações também ocorreram e, de novo, a fumaça preta saiu da chaminé, indicando que não havia consenso.
Só por volta das 18h08 em Roma (13h08 pelo horário de Brasília) a fumaça branca anunciou um consenso entre os cardeais. Com essa definição, 2025 repete os dois últimos conclaves, em 2005 e 2013, em que o fim da eleição só ocorreu no segundo dia, para as escolhas de Joseph Ratzinger e Jorge Mario Bergoglio, respectivamente.
Próximos passos
Segundo o Vaticano, após a aparição de Robert Francis Prevost na janela da Basílica de São Pedro, ele retorna à Capela Sistina, onde inicia-se uma breve cerimônia, introduzida pela saudação do cardeal mais antigo da Ordem dos Bispos.
O cardeal-sacerdote mais antigo lê então uma passagem do Evangelho, que pode ser “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” ou “Apascenta as minhas ovelhas”. O protodiácono, em seguida, oferece uma oração pelo papa recém-eleito.
Logo depois, todos os cardeais eleitores, em ordem de precedência, aproximam-se para saudar o novo pontífice e jurar-lhe obediência. A cerimônia termina com o canto do Te Deum, conduzido pelo próprio papa recém-eleito.