Pesquisadora descobre rabiscos ‘escondidos’ feitos por mulher em livro há 1,3 mil anos

Rabiscos em livro antigo
Inscrições foram feitas como arranhões, sem tinta (Biblioteca Bodleiana/Divulgação)

Os rabiscos despretensiosos que uma mulher fez em um livro há cerca de 1.300 anos foram descobertos recentemente por uma pesquisadora da Universidade de Leicester, na Inglaterra. Praticamente invisíveis a olho nu, os desenhos e registros foram “desvendados”, revelando o nome da mulher responsável.

A estudante de doutorado Jess Hodgkinson estudava um manuscrito do livro MS. Selden Supra 30, uma cópia dos Atos dos Apóstolos, parte do Novo Testamento, quando notou uma inscrição em uma das páginas. Os pesquisadores que estudam o livro já suspeitavam de que ele pertencia a uma mulher, mas nunca conseguiram identificá-la.

MS. Selden Supra 30
MS. Selden Supra 30 fica na Biblioteca Bodleiana, na Universidade de Oxford (Biblioteca Bodleiana/Divulgação)

Por meio de uma tecnologia desenvolvida na Biblioteca Bodleiana da Universidade de Oxford, onde fica o livro, a pesquisadora conseguiu revelar que a inscrição, quase invisível a olho nu, parecia soletrar o nome feminino Eadburg.

De acordo com o relato de Hodgkinson, a tecnologia ainda revelou que vários outros registros do nome da mulher, nunca antes vistos, estão distribuídos ao longo do MS. Selden Supra 30. A dona do livro teria feito os registros no século 18, na Inglaterra.

Inscrições
Tecnologia revelou novas inscrições na obra (Biblioteca Bodleiana/Divulgação)

Além das inscrições com o nome Eadburg, outros rabiscos foram encontrados, inclusive desenhos com formas humanas. Os registros não foram feitos com tinta e são apenas “arranhões” nas páginas.

“Mais investigações são necessárias para estabelecer quem ou o quê eles retratam. Todas as figuras são muito pequenas. Várias parecem ter sido feitas com uma incisão de linha ao redor de um dedo para formar o contorno da figura”, diz o relato da pesquisadora.

Desenho
Pequenos desenhos foram identificados (Biblioteca Bodleiana/Divulgação)

Jess Hodgkinson celebra as descobertas ressaltando a importância das novas evidências da ligação entre mulheres, livros e a cultura literária no início do período medieval. “Ao deixar a marca dela em um livro com o qual ela interagiu e que tinha um significado para ela, Eadburg deixou um registro tangível da presença dela, que sobreviveu por centenas de anos”, afirma.

Edição: Giovanna Fávero
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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