Pesquisa da revista Nature, publicada nesta terça-feira (17), mostrou que a “Grande Mancha de Lixo do Pacífico”, um continente com toneladas de plástico no meio do oceano, está ajudando na reprodução de espécies de invertebrados.
O estudo aponta que o alto mar é colonizado por uma variedade de espécies costeiras, que sobrevivem e se reproduzem em mar aberto, em meio a pelo menos 79 mil toneladas de lixo e 1,6 milhões de quilômetros quadrados.
Novas descobertas
Até então, acreditava-se que restrições fisiológicas ou ecológicas limitavam a colonização do oceano aberto, mas a pesquisa refutou essa hipótese.
Os resultados sugerem que essas espécies persistem como o componente de uma comunidade sustentada “pelo vasto e crescente mar de detritos plásticos”.
Para viabilizar a pesquisa, uma ONG ajudou na coleta de lixo flutuante durante duas expedições, entre novembro de 2018 e janeiro de 2019. Os detritos encontrados incluem garrafas, bóias, cones, utensílios domésticos, redes de pesca, entre outros.
Alteração da dispersão de espécies
De acordo com a pesquisa, invertebrados estavam incrustados em 98% do lixo analisado, isto é 105 itens. Os cientistas identificaram um total de 484 organismos, de 46 espécies diferentes.
“A plastisfera pode agora fornecer novas oportunidades extraordinárias para as espécies costeiras expandirem as populações para o oceano aberto e se tornarem uma parte permanente da comunidade pelágica, alterando fundamentalmente as comunidades oceânicas e os processos ecossistêmicos neste ambiente”, diz a pesquisa.
O estudo sobre a Grande Mancha de Lixo do Pacífico acredita que os resultados têm ainda implicações potenciais para mudar a dispersão de espécies e a biogeografia em “amplas escalas espaciais”.