Cerca de 59% da população brasileira possui hábitos abusivos no que diz respeito ao consumo de bebidas alcoólicas, sendo que, dessa parcela, 14% é de dependentes. Esses foram os dados apresentados pela professora e pesquisadora do Departamento de Biologia Geral da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ana Lúcia Brunialti, em audiência pública realizada pela Comissão de Prevenção e Combate ao Uso de Crack e outras Drogas da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na tarde desta terça-feira (10).
Para Ana Lúcia Brunialti, que também é coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Genética da UFMG, e responsável por estudos acerca dos padrões genéticos do alcoolismo, os números apresentados “são claramente um problema de saúde pública”, fazendo-se necessário aprofundar o debate sobre medidas para controlar o problema. Segundo ela, o álcool já ocupa a 5° posição no ranking mundial de riscos de mortalidade precoce.
Nesse sentido, o presidente da comissão, deputado Antônio Jorge (PPS), que solicitou a realização do debate, destacou a necessidade de ações que incidam diretamente nas diferentes etapas do desenvolvimento do alcoolismo. “É necessário estratificar o risco. É errado discutir o tema com uma visão fundamentalista, pois estamos deixando de reconhecer os diferentes estágios do alcoolismo”, disse. O parlamentar, que também é médico, defendeu a necessidade de tratamentos específicos para cada caso dentro da evolução da doença.
A pesquisa apresentada pela professora Ana Lúcia Brunialti esclarece as questões genéticas e moleculares que implicam no desenvolvimento da dependência química. Segundo ela, o estudo é inédito, uma vez que, pela primeira vez, são apontadas vias biológicas que podem estar associadas ao uso abusivo de álcool.