A exposição de arte “Deslocamento”, de Carlos Barroso, que estava em exposição na galeria da ALMG (Assembleia Legislativa de Minas Gerais) foi interditada nesta segunda-feira (19). O artista responsável relata ter sido alvo de censura depois que grupos religiosos, e um deputado, passaram a se manifestar de forma contrária à instalação, gravando vídeos dizendo que ela seria um “ataque aos cristãos”.
Em conversa com o BHAZ, Carlos conta que participou de um edital de concorrência pública há três anos para realizar a exposição. Segundo ele, a iniciativa só foi lançada recentemente por conta da pandemia de Covid-19, que exigiu mudanças drásticas nas dinâmicas de interação em todo o mundo.
‘Atentado à liberdade de expressão’
“É um atentado à liberdade de expressão, censura da arte. Eu passei por um edital de concorrência pública, então não estão fazendo um favor para ninguém. Eles [a ALMG] alegaram problema de segurança, disseram que grupos estão querendo invadir o espaço, fazer manifestação”, explica Carlos, que também é jornalista.
“Tudo começou depois que um movimento fundamentalista católico publicou um vídeo falando que a obra tem blasfêmia, depois pastores também fizeram vídeos e hoje recebi a notícia da interdição”, conta.
Os vídeos a que Carlos se refere foram gravados na sexta-feira (16) e no sábado (17). No primeiro, obras como “Sangue de Cristo”, “Cristo a metro” e “Descorpo” foram criticadas e os responsáveis organizam um ato em frente à ALMG para esta terça-feira (20). Já o segundo registro, além de críticas, o deputado Carlos Henrique (Republicanos) dizia que a mesa diretora entraria com um pedido de retirada da exposição.
‘Tenho formação cristã’
Carlos, por sua vez, diz que as obras da exposição são “para pensar” e que a arte sempre teve o objetivo de dessacralizar, desmitificar. “É uma obra de arte estética, ao contrário dos que falam em símbolos de agressão. Eu tenho formação cristã, respeito todas as fés e religiões”, diz o artista, que também é poeta.
A exposição “Deslocamento” teve início em 5 de setembro e ficaria na galeria da ALMG até o próximo dia 23. O Sindicato dos Jornalistas de Minas divulgou nota em que diz que a interdição da exposição “trata-se de ato de censura imposto pela casa legislativa a uma obra de arte”.
O que diz a ALMG?
Procurada pela reportagem, a assessoria da ALMG explicou que um posicionamento referente à interdição da exposição deve ser divulgado em breve. A matéria será atualizada tão logo o posicionamento seja recebido.