Café e queijo mais caros: Entenda o que levou o preço dos queridinhos dos mineiros às alturas

café e queijo mais caros
Preços do café e do queijo têm assustado consumidores (Beatriz Kalil Othero/BHAZ + Tatiane Oliveira/BHAZ)

Que o queijo e o café são queridinhos dos mineiros muita gente sabe. Mas, nas últimas semanas, manter a tradição do cafezinho com queijo ficou mais salgado. E moradores de diferentes regiões de Minas têm levado um verdadeiro susto ao procurar pelos alimentos no mercado. Mas, o que ocorreu? O BHAZ foi atrás de respostas para entender o que levou uma das duplas favoritas dos mineiros a encarecer tanto.

No caso do café, a crescente de preços ocorre desde o ano passado. De acordo com a Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café), o preço médio do café torrado e moído no varejo subiu 23% de dezembro de 2021 a fevereiro de 2022. O aumento ocorreu principalmente por causa de fatores climáticos, explica Gastão Goulart, engenheiro agrônomo da Emater-MG (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas).

“Em relação ao café o que ocorreu foi uma seca muito forte no ano de 2020 que prejudicou as lavouras. No ano de 2021 ocorreu uma geada forte que atingiu as principais regiões produtoras do Sul de minas. Isso tudo reduziu a produção. E a queda na produção deu como consequência o aumento no preço”, explica.

Já o queijo sofre consequências da alta do preço de seus insumos. O leite longa vida, por exemplo, ficou quase 15% mais caro nos últimos 12 meses, segundo o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de março. “O queijo sofreu um aumento de custo de produção. O queijo é feito com o leite que teve aumento de custo de produção, assim como o óleo diesel. O fertilizante também aumentou o preço”, explica Gastão. “Esses custos quem arca primeiro é o produtor”, diz.

Para o engenheiro agrícola, uma das saídas para o aumento dos preços é a busca por inovação por parte dos produtores. “O produtor está sempre tentando buscar mais eficiência na produção, mais eficiência na aplicação do adubo, mais eficiência na utilização dos recursos na propriedade, isso exige mais técnica na produção. No caso do café e do leite mais produtividade por área e menor custo”, conta.

Nas redes sociais, o queijo e o café mais salgados viraram alvos de comentários. “Tirar isso do mineiro é o mesmo que tirar o macarrão do italiano ou o peixe do japonês”, escreveu um internauta. “Eu deixo de comer arroz e feijão mas não largo meu cafezin com quejin”, brincou outra usuária do Twitter.

Seca e chuvas

A baixa na produção das lavouras e o aumento dos preços de custo preocupam, principalmente, os pequenos produtores do estado. Fernanda Maricota, produtora da Fazenda Maricota, localizada em Ubaporanga, no Sul de Minas, explica tanto chuvas intensas quanto a seca prejudicaram bastante a produtividade. Em 2019 e 2020, a seca. Já em 2021, as chuvas.

“Neste ano de 2022 teremos a primeira colheita de 100% da lavoura. Estamos vendo um potencial maior, embora muitos vizinhos aqui da região tenham sofrido com o abortamento das flores, devido à chuva. Quando a florada saiu em outubro, choveu demais novembro e dezembro, o que atrapalhou que as frutas vingassem, não foi o caso da fazenda”, conta Fernanda.

Fernanda relata também que os preços dos insumos ficaram mais caros nos últimos tempos, mas ela vê melhoras para o futuro. “A previsão é esse ano ainda não ter uma safra tão grande, que vá suprir todas as necessidades do mercado, mas será uma safra boa. Imagino que o preço do café deve manter o patamar que está devido aos preços dos insumos e ano que vem será melhor”, diz ela.

‘Piorou’

Já para Vicente Leite, proprietário do Ideal laticínios, localizada em Dom Cavati, na região do Rio Doce, a alta dos insumos prejudica tanto quem produz leite, quanto quem produz seus derivados. Ele relata ter notado queda nas vendas. “Em 2021, já teve uma quedinha, esse ano piorou um pouco mais, em torno de 25% de queda. A produção de leite está caindo também na nossa região”, diz o empresário.

Apesar das perdas, Vicente também é otimista para o futuro. “Eu sou otimista. A previsão é que isso melhore daqui a um ano, um ano e meio. Calculo de 12 a 18 meses estaremos melhor. Creio que seja o efeito da pandemia que desestabilizou o mercado”, diz.

Edição: Roberth Costa
Giulia Di Napoli[email protected]

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

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