Capitólio: Polícia Civil encerra investigação, não encontra culpados e define tragédia como ‘evento natural’

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O delegado Marcos Pimenta citou sugestões que serão encaminhadas aos órgãos competentes (CBBMG/Divulgação + Reprodução/PCMG Oficial/YouTube)

A PCMG (Polícia Civil de Minas Gerais) concluiu a investigação sobre a tragédia que matou 10 pessoas no Lago de Furnas, no município de Capitólio, no Sul de Minas, em janeiro deste ano. Em coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira (4), o órgão informou que não encontrou culpados pelo desabamento da rocha e classificou o ocorrido como um evento natural.

Durante a investigação, foram encontradas algumas irregularidades locais. O delegado regional de Passos, Marcos Pimenta, anunciou dez sugestões de aprimoramento, incluindo maior fiscalização e a implementação de um selo de identificação nas embarcações, que deverá ser fornecido pelo poder público após a análise das condições físicas e documentais das lanchas.

O perito Otávio Guerra apresentou alguns pontos de atenção e condicionamentos naturais das rochas que se partiram e causaram o desastre. “O bloco um [localizado à esquerda], na posição que foi encontrado pela perícia, caiu no lago e se fragmentou. O remanescente foi a seção basal”, observou.

Defesa Civil emitiu alerta de risco

O delegado regional de Passos salientou que a Defesa Civil emitiu um alerta duas horas antes da queda, que ocorreu pelas fortes chuvas. “Esse alerta por si só poderia impedir o fluxo de embarcações no local. E é de responsabilidade do piloto averiguar as condições climáticas e da Defesa Civil”, avaliou. No entanto, o inquérito não apontou responsáveis e classificou o desabamento que deixou dez mortos como um desastre natural.

“Após intenso trabalho investigativo, a Polícia Civil não identificou uma ação humana específica que tenha provocado a quda da rocha. Com a finalidade de aumentar a segurança das pessoas que frequentam o local, a Polícia Civil elaborou uma lista de sugestões que será encaminhada aos órgãos e às instituições responsáveis pelo licenciamento e fiscalização da região”, diz um vídeo divulgado pela corporação.

Pimenta frisa que, durante toda a investigação, a Polícia Civil realizou reuniões com os ministérios e surgiu o entendimento de que é preciso contribuir para a “melhoria da segurança em Capitólio”. O primeiro ponto de atenção é o mapeamento de todas as zonas de risco na região, além do movimento de massa, por geólogos e/ou outros profissionais especializados do ramo, bem como sua demarcação em campo e em planta. Outro é a redução do número das embarcações nos cânions, que deverão transitar em baixa velocidade.

Turistas deverão ter identificação registrada

O delegado ainda revelou que todo turista que contratar um passeio de lancha deverá pagar uma taxa, espécie de seguro de vida. Os barcos também deverão ser identificados com a ajuda de uma placa fixada por fora das estruturas, recurso que permitirá aos fiscais e integrantes da Marinha observar informações como a identidade do proprietário.

Todos os turistas também deverão ser identificados antes do passeio, com controle e cadastro armanezados e disponibilizados nos respectivos píers. Qualquer pessoa deverá usar coletes na represa e capacete na região dos cânions e áreas semelhantes.

Por fim, Marcos Pimenta citou a necessidade de uma maior integração entre os órgãos e instituições responsáveis por conceder e fiscalizar o empreendimento turístico. O líder pontuou que passeios estarão proibidos quando houver advertências da Defesa Civil a respeito de riscos geológicos, e deverá existir o fortalecimento das fiscalizações ambientais. Estudos de risco também serão um requisito.

O inquérito está encerrado e deve ser repetido ao poder judiciário até terça-feira, segundo o delegado, e já está disponível para o Ministério Público Estadual.

Edição: Vitor Fernandes
Nicole Vasques[email protected]

Jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), escreve para o BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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