‘Rainha da Maizena’: Doença rara faz mineira consumir quase 20 kg de amido de milho por mês

rainha da maisena
Para manter o metabolismo funcionando, Letícia Ramos, precisa consumir uma mistura de água e maisena a cada três horas (Reprodução/@leticiaandrearamos/Instagram)

Uma auxiliar de cozinha de Uberaba, no Triângulo Mineiro, tem chamado a atenção das redes sociais ao compartilhar, com bom humor, seu dia a dia no convívio com a glicogenose – doença genética que afeta a absorção de glicose no organismo.

Para manter o metabolismo funcionando, Letícia Ramos, 31, precisa consumir uma mistura de água e amido de milho a cada três horas, o que resulta em um consumo mensal de até 18 quilos do produto. Nas redes, ela trata o assunto com leveza e chegou até a ser apelidada de “Rainha da Maizena”.

Em conversa com o BHAZ nesta terça-feira (27), Letícia conta que nem sempre foi fácil conversar abertamente sobre a doença que a acompanha desde os dois anos de idade. Quando criança, o tema era um grande tabu em sua vida e só agora ela tem tido a oportunidade de encará-lo com naturalidade.

“Eu sempre fui muito fechada, tanto é que nem minhas melhores amigas sabiam direito o que era. Eu também tive uma infância muito difícil, eu escondia o amido de milho para tomar na escola e não ter que contar para ninguém. Quando postei pela primeira vez viralizou então comecei a falar sobre o assunto e vi como era importante”, explica.

O que é a glicogenose?

A glicogenose é uma doença genética rara que atinge uma a cada 25 mil pessoas. Ela consiste na deficiência de uma enzima que afeta o processamento da síntese do glicogênio ou da quebra dele em glicose nos músculos e fígado.

Pessoas diagnosticadas com glicogenose apresentam quadros frequentes de hipoglicemia, cujos sintomas incluem confusão mental, palpitações, tremores e ansiedade. As informações são da Associação Brasileira de Glicogenose.

Letícia explica que o amido de milho é um aliado por funcionar como uma bomba de glicose capaz de auxiliar na síntese do glicogênio. “Eu já desmaiei várias vezes, já fui levada às pressas no hospital. Tenho sempre que levar o amido de milho na bolsa, agora que sou adulta já me acostumei”, compartilha.

Dieta restrita

Desde os 2 anos, quando foi diagnosticada, Letícia consome a mistura de amido de milho a cada três horas, diariamente. Mensalmente, a auxiliar de cozinha chega a gastar R$ 600 com o produto, já que compra 20 quilos por mês. Ela também mantém uma dieta com restrições para manter o organismo funcionando.

“Eu não posso comer açúcar, lactose, sacarose, frituras, alimentos industrializados. Minha dieta é hiperproteica porque a glicogenose afeta minha musculatura. Além disso, vou para São Paulo a cada três meses para fazer esse acompanhamento”, explica.

Para ela, falar abertamente sobre o assunto foi a forma que encontrou de encará-lo com leveza. “Falar sobre doenças raras faz a gente se sentir mais amada, acolhida no mundo. Minha mãe sofreu muito com o desamparo, então ter esse reconhecimento para a gente está sendo muito gratificante”, diz ela.

Edição: Roberth Costa
Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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