Família de Rafaela Drumond consegue ter acesso ao celular da escrivã

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O advogado Hugo Viol Faria disse que, na semana passada, o pai da jovem moveu uma ação solicitando o aparelho da filha, pedido que foi deferido ontem (Reprodução/Redes sociais)

A família da escrivã Rafaela Drumond, encontrada morta em casa no dia 9 de junho, conseguiu ter acesso ao celular da jovem nessa terça-feira (31). Ao BHAZ, o advogado Hugo Viol Faria disse que, na semana passada, o pai da jovem moveu uma ação solicitando o aparelho da filha, pedido que foi deferido ontem.

“Para a família, é de grande importância reaver o aparelho para manter viva a memória de Rafaela. Para nós, representação técnica, igualmente importante, especialmente para analisarmos detidamente o conjunto de provas até então colhidas pela Polícia Civil com uma das fontes em mãos”, disse ele.

A morte da escrivã foi registrada como suicídio. Segundo familiares, a jovem já tinha denunciado episódios de assédio vividos por ela enquanto trabalhava na delegacia de Carandaí, na Zona da Mata mineira.

Em setembro, a Polícia Civil concluiu o inquérito que investigou a morte da escrivã. O delegado Itamar Cláudio Neto foi indiciado por condescendência criminosa. Já o investigador Celso Trindade de Andrade, suspeito de injuriar a profissional, não foi indiciado em função de prescrição criminal.

“Tratou-se de uma investigação minuciosa e complexa, em que foram realizadas diversas diligências, destacando-se as oitivas de testemunhas e de envolvidos, a extração e análise dos dados do aparelho telefônico da escrivã, além da elaboração de outros laudos periciais”, disse a polícia.

Investigador tirou licença

O investigador Celso Trindade de Andrade, da Polícia Civil de Minas Gerais, chegou a tirar licença da corporação para tratamento de saúde. Ele trabalhava com a escrivã Rafaela Drumond, morta em junho após denunciar variados assédios por parte de colegas de trabalho.

Segundo publicação no Diário Oficial do governo, a licença iniciou-se em 4 de julho, com duração de 60 dias. Em contato com o BHAZ, a advogada da família de Rafaela aponta Andrade como um dos agentes que assediavam a escrivã.

“No nosso entendimento, da defesa da família da Rafaela, com certeza, é uma manobra para ele tentar se safar. Não sabemos os reais motivos, vamos pedir esclarecimentos para polícia porque fomos surpreendidos por esse fato na data de hoje”, diz Raquel Fernandes.

‘Não suporto essas piadinhas’

Ao longo das investigações, Celso Andrade e um delegado que trabalhava com Rafaela foram removidos da comarca de Carandaí para Conselheiro Lafaiete. Como uma das testemunhas atuava no local, Raquel pediu uma nova transferência e Celso acabou lotado em Congonhas, a 20 minutos de Carandaí.

Em um vídeo que Rafaela gravou antes de morrer, um agente da PCMG – apontado pela família como Celso – aparece agredindo-a verbalmente. Em áudios que ela enviou a amigos, relatou que colegas de trabalho a perseguiam.

“Isso é muita falta de respeito. É isso que eu sofro, desde o ano passado. Eu nunca mais olhei na cara dele dentro da delegacia, eu finjo que nem tô vendo […] E são os dois machistas da delegacia: o delegado e o inspetor. É muita piadinha, eu não suporto essas piadinhas que fazem comigo, só porque sou mulher”, diz em gravação acessada pelo BHAZ.

Onde conseguir ajuda?

Especialistas em saúde mental reforçam a necessidade de busca por ajuda em momentos difíceis, já que todos nós estamos sujeitos a enfrentar questões que nos atordoam e causam sofrimento. Por isso, a mensagem é: você não está sozinho (a).

Ligações para o CVV (Centro de Valorização da Vida) são gratuitas em todo o país. Por meio do telefone 188, pessoas que sofrem de ansiedade, depressão ou que correm risco de cometer suicídio conversam com voluntários da instituição e são aconselhados. A assistência também é prestada pessoalmente, por e-mail ou chat.

  • Chat de atendimento (clique aqui)
  • Ligue 188
  • Por e-mail (clique aqui)
  • Presencialmente (veja os postos de atendimento aqui)

Além do CVV, também existem no Brasil os Caps (Centros de Atenção Psicossocial). Trata-se de um serviço aberto constituído por uma equipe multiprofissional, que atua interdisciplinarmente no atendimento a pessoas com sofrimento ou transtorno mental.

Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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