O Complexo Cultural e Científico de Peirópolis, onde está o Museu dos Dinossauros, em Peirópolis, zona rural de Uberaba, no Triângulo Mineiro, apresentou nesta sexta-feira (14) mais uma relíquia de um animal que teria vivido por aquelas bandas há cerca de 85 milhões de anos. O fóssil de uma espécie de crocodilo desconhecida da ciência foi encontrado em 2014, na Fazenda Três Antas, no município de Campina Verde, a 150 quilômetros a Oeste de Uberaba. O bicho foi batizado como Caipirasuchus mineirus.
De acordo com o geólogo e pesquisador do Centro Llewelyn Ivor Price, que integra o complexo paleontológico de Peirópolis, Luiz Carlos Borges Ribeiro, trata-se de um crocodilo herbívoro-onívoro, de pequeno porte, mas que guarda importantes informações: seu esqueleto é articulado da última vértebra caudal até o crânio. Ele tem cerca de 70cm de comprimento.
“O fóssil está muito bem preservado e sua mandíbula, articulada também, tem forma triangular, apresentando numerosos dentes. A diferença para os jacarés atuais é que este tinha hábitos terrestres e um andar ereto, com sua porção ventral distante do solo, com um andar mais para um cachorro do que os jacarés atuais, que praticamente rastejam”, explica Borges Ribeiro.
A apresentação do trabalho científico foi feita em Peirópolis. “Fizemos aqui para fortalecer o trabalho científico desenvolvido no interior de Minas, principalmente depois do incêndio que dizimou o Museu Nacional do Rio de Janeiro. Nossa intenção, apresentando essa nova descoberta aqui, foi mostrar que continuamos fazendo pesquisa de ponta e publicando artigos em grandes revistas. Teremos em breve outras novidades sobre o andamento de nossos achados”, diz o pesquisador.
O fóssil do crocodilo foi descoberto na mesma localidade de onde provém outro crocodiliforme único, o Campinasuchus dinizi descrito pelos mesmos pesquisadores. Esta região de Campina Verde tem-se revelado como um sítio paleontológico de relevância nacional face à abundante quantidade de fósseis, excepcionalmente bem preservados, com uma ampla diversidade de grupos fósseis onde se inserem além destes, dois crocodiliformes, dinossauros e peixes.
As pesquisas sobre o crocodilo foram divulgadas no início do mês em um artigo científico na revista americana PeerJ. A pesquisa foi liderada por Agustín Martinelli, do Museu Argentino de Ciências Naturais Bernardino Rivadavia, e pesquisador associado do Centro de Pesquisas Paleontológicas Llewellyn Ivor Price, que integra o complexo de Peirópolis; em conjunto com o professor Thiago Marinho da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), que administra o complexo; Fabiano Iori, do Museu de Paleontologia de Uchoa (SP); e o professor Luiz Carlos.