Freira é indiciada por maus-tratos contra idosos em lar de acolhimento; 10 morreram por falta de assistência

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Ao longo de nove meses, a polícia ouviu mais de 30 pessoas e constatou que 58 idosos foram vítimas de maus-tratos no local (PCMG/Divulgação)

Ao menos 10 idosos morreram por falta de atendimento médico em uma casa de acolhimento de Divinópolis, na região Centro-Oeste de Minas, segundo investigação conduzida pela Polícia Civil desde abril do ano passado. Ao todo, 15 funcionários da instituição foram indiciados, entre eles, o presidente, membros da diretoria e até uma freira (veja abaixo).

Ao longo de nove meses, a polícia ouviu mais de 30 pessoas e constatou que 58 idosos foram vítimas de maus-tratos no local. A delegada responsável pelo inquérito policial, Adriene Lopes, revela que foram arrecadadas provas de graves violações ao Estatuto do Idoso.

“Conforme levantado, alguns dos institucionalizados, em especial os mais vulneráveis acometidos de distúrbios psiquiátricos, eram mantidos em ambientes insalubres, sem acesso a água e ao vaso sanitário. Além disso, alguns deles eram amarrados com contenções mecânicas sem prescrição médica. Também foi apurado que a instituição não tinha profissionais suficientes para cuidar dos internos como deveria”, revela.

Freira é indiciada por 8 crimes

Durante as buscas no local, foram encontrados pacotes de fraldas descartáveis e medicamentos armazenados de forma inadequada, bem como seringas preparadas para serem injetadas sem qualquer identificação. Na investigação foi constatada omissão de socorro.

“Testemunhas relataram que a freira responsável pelo cuidado aos internos determinava a omissão ou a inserção de informações falsas dos internos nos prontuários médicos e nas evoluções da enfermagem. Desse modo, alguns enfermos sofriam por horas, dias, até evoluir a óbito”, explica a delegada da Polícia Civil Adriene Lopes.

Diante da gravidade, a freira foi afastada do cargo ainda durante a investigação e outros representantes da instituição assumiram a coordenação. Ela foi indiciada pelos crimes de infração de medida sanitária preventiva, exercício ilegal da medicina, curandeirismo, homicídio omissivo impróprio, cárcere privado, tortura e maus-tratos.

“Ela também foi indiciada – assim como o médico responsável pela unidade – por falsidade ideológica. Além disso, sete técnicos e auxiliares de enfermagem foram indiciados por maus-tratos, cárcere privado e tortura, sendo este último crime também imputado a outros seis funcionários da entidade”, explica a delegada.

Edição: Pedro Rocha Franco
Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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