Homem é indiciado por matar esposa 2 dias após ser preso por agredi-la

Viatura da Polícia Civil
Homem voltou para casa logo após deixar a prisão e matou a esposa (Yuran Khan/BHAZ)

Quase quatro anos depois de cometer os crimes, um homem de 49 anos foi indiciado, nessa quinta-feira (25), pelo duplo homicídio da própria esposa e de outro homem, brutalmente mortos com golpes de foice. Os assassinatos, cometidos em 24 de junho de 2017, no distrito de Bom Jesus do Rosendo, em São José da Safira, na região Leste de Minas, aconteceram dois dias depois de o suspeito ter sido preso por agredir a esposa.

De acordo com registro policial feito na data do crime, o suspeito chegou em casa depois de ter sido liberado da prisão. Já segundo as investigações da Polícia Civil de Minas Gerais, sorrateiramente, o homem pegou uma foice e deu o primeiro golpe na nuca do homem de 43 anos que estava na cama. Depois disso, ele golpeou a esposa, que estava parcialmente sem roupas. Inicialmente, a mulher de 27 anos foi atingida no braço. Antes de fugir, o suspeito ainda teria desligado o padrão de energia, para não levantar suspeitas.

O delegado Douglas Mota aponta que, depois dos primeiros golpes e da fuga, algumas testemunhas estiveram na residência e se depararam com a cena de horror. “Entre o período em que as testemunhas saíram e a chegada da Polícia Militar, que isolou o local até que a perícia chegasse, o autor retornou a casa e golpeou a mulher várias vezes no pescoço e no rosto, acreditando que ela poderia ainda estar viva; e de fato estava. Além disso, atacou novamente o homem, com golpes no braço, que já se encontrava morto, conforme os laudos periciais”, afirma.

Ciúmes e vingança

Ainda segundo as investigações da corporação, o delegado aponta que a motivação do crime estaria relacionada com ciúmes e vingança. “O investigado tinha ciúme possessivo da esposa e queria se vingar por ela ter denunciado mais uma das agressões sofridas. Ele possui passagens por crimes de lesão corporal, ameaça, dano qualificado e porte ilegal de arma de fogo, todos em contexto de violência doméstica contra a esposa”, completa.

O suspeito estava foragido desde a época dos crimes e se apresentou no dia 16 de março de 2021 na Delegacia de Polícia Civil em Teófilo Otoni, onde foi preso e colocado à disposição da Justiça. Com a conclusão das investigações, realizadas pela Delegacia em Santa Maria do Suaçuí, a Polícia Civil indiciou o suspeito pelos crimes de feminicídio qualificado pela utilização de meio cruel e homicídio qualificado por recurso que impossibilitou a defesa da vítima.

O que é feminicídio?

Feminicídio é o assassinato de uma mulher pela condição de ser mulher. Em 2015, a Lei do Feminicídio (Lei nº 13.104/15) juntou-se à Lei Maria da Penha na construção do empoderamento das mulheres em conjunto com as políticas públicas criadas para prevenir e punir atentados, agressões e maus-tratos.

As alterações trazidas pela Lei do Feminicídio imputaram mais severidade nas penas para crimes praticados nos casos de violência doméstica e familiar e de menosprezo ou discriminação à condição de mulher.

Onde conseguir ajuda?

Caso você seja vítima ou conheça alguém que precise de ajuda, pode fazer denúncias pelos números 181, 197 ou 190. Além deles, veja alguns outros mecanismos de denúncia em Minas Gerais:

  • Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher: av. Barbacena, 288, Barro Preto | Telefones: 181 ou 197 ou 190;
  • Casa de Referência Tina Martins: r. Paraíba, 641, Santa Efigênia | 3658-9221;
  • Nudem (Núcleo de Defesa da Mulher): r. Araguari, 210, 5º Andar, Barro Preto | 2010-3171;
  • Casa Benvinda – Centro de Apoio à Mulher: r. Hermilo Alves, 34, Santa Tereza | 3277-4380;
  • Aplicativo MG Mulher: Disponível para download gratuito nos sistemas iOS e Android, o app indica à vítima endereços e telefones dos equipamentos mais próximos de sua localização, que podem auxiliá-la em caso de emergência. O app permite também a criação de uma rede colaborativa de contatos confiáveis que ela pode acionar de forma rápida caso sinta que está em perigo.

Seja qual for o dispositivo mais acessível, as autoridades reforçam o recado: peça ajuda.

Edição: Thiago Ricci
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!