A Justiça mineira determinou a suspensão do exercício da atividade profissional da biomédica Lorena Marcondes, denunciada por um procedimento estético que teria deformado a boca de um homem. Ela também já foi autuada pela morte de uma mulher durante uma lipoaspiração e, hoje, cumpre prisão domiciliar.
Em decisão publicada nessa sexta-feira (30), a juíza Marcilene da Conceição Miranda, da 3ª Vara Criminal da Comarca de Divinópolis, deferiu os pedidos cautelares solicitados pelo MPMG (Ministério Público de Minas Gerais) na denúncia.
Além da suspensão do exercício da atividade profissional, a magistrada também determinou o bloqueio de perfis de Lorena Marcondes nas redes sociais, além do bloqueio de valores depositados nas contas bancárias da biomédica, até R$ 100 mil, a fim de assegurar indenização à vítima.
Procurada pelo BHAZ, a defesa da profissional informou que ainda não foi intimada da decisão e que vai se manifestar em momento oportuno (leia mais abaixo).
A denúncia
O MP denunciou Lorena Marcondes de Faria por “ofender a integridade corporal” de um homem que passou por um procedimento estético na clínica dela, em Divinópolis, em 2022.
De acordo com a denúncia, após o procedimento, a vítima passou a sentir fortes dores no lábio inferior e não obteve o suporte necessário da biomédica. Ele procurou atendimento médico no Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, e foi informado de que o local do procedimento estava necrosado.
Conforme os profissionais do hospital, a indicação seria a remoção do lábio inferior e de parte do queixo, o que só não ocorreu porque o homem conseguiu um tratamento junto ao instituto THOPPI, em BH, onde continua em acompanhamento até hoje.
Ao acatar o pedido do MP e determinar as medidas cautelares, a juíza apontou que há risco de que o delito seja praticado novamente, “já que após ser beneficiada com a prisão domiciliar […], a denunciada passou a divulgar em suas redes sociais a abertura de agenda para realização de procedimentos estéticos”.
Morte durante lipoaspiração
Lorena Marcondes de Faria está em prisão domiciliar, suspeita de homicídio doloso no caso de Íris Martins, que morreu após sofrer uma parada cardiorrespiratória durante uma lipoaspiração, em maio. Ela chegou a ser levada ao presídio Floramar, em Divinópolis, mas teve a soltura concedida no fim do mesmo mês
Além da biomédica, uma técnica de enfermagem da clínica também foi autuada em flagrante por homicídio doloso.
No dia 8 de maio, após a morte de Íris, uma equipe da Polícia Civil compareceu à clínica de Lorena e apreendeu equipamentos utilizados nos procedimentos, prontuários de pacientes, caixa de injetáveis, dois computadores e um celular.
Diante de irregularidades constatadas, a corporação prendeu a biomédica e a técnica de enfermagem.
Na decisão dessa sexta-feira, a juíza Marcilene da Conceição Miranda ainda reforçou que, ao divulgar a abertura de agenda para realização de procedimentos estéticos, Lorena Marcondes segue anunciando”o mesmo que vitimou Íris, denominado ‘lipo laser'”.
O que diz a defesa?
O advogado Tiago Lenoir informou que a defesa da profissional não foi intimada da decisão. “Em razão disso, a manifestação da defesa ocorrerá em momento processual oportuno ao longo da persecução penal”, diz nota.
“Quanto à decisão judicial de primeiro grau a defesa recorrerá às instâncias cabíveis para garantir os direitos Constitucionais da biomédica Lorena que estão sendo gravemente violados. Ressaltamos que a produção de provas permitirá a elucidação dos fatos adequadamente permitindo que a justiça seja feita”, completa.
