A adolescente de 14 anos atingida por um tiro de bala de borracha durante uma ação de reintegração de posse na cidade de Mario Campos, na região metropolitana de Belo Horizonte, recebeu alta nesta quarta-feira (3). Gabi, como é chamada por amigos e familiares, foi baleada no rosto por um policial militar e precisou fazer uma cirurgia no maxilar. Ela teve seis dentes arrancados e passou pelo procedimento no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, na região Centro-Sul da capital.
Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram o momento em que a estudante percebe que foi baleada. As imagens são fortes. Apenas na página do Mídia Ninja a gravação que denuncia a ação da Polícia Militar (PM), considerada desproporcional pelos movimentos sociais, já foi vista mais de 160 mil vezes e conta com 2,5 mil compartilhamentos.
Ao Bhaz, a irmã de Gabi contou que ela se recupera em casa e que, apesar de estar abalada emocionalmente, demonstra força diante dos últimos acontecimentos. Segundo Poliana de Souza, de 30 anos, Gabi está com o rosto bastante inchado e sem se alimentar direito por causa da cirurgia. “A Gabriela está revoltada, mas entende a importância da luta na ocupação e disse que não vai desistir dos direitos que ela sabe que também são dela”, disse.
Poliana, que também é coordenadora nacional do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), explica ainda que, na tarde desta quarta-feira, uma reunião será realizada para discutir os rumos das mobilizações relacionadas à ação da PM em Mário Campos.
“Vamos nos reunir na Casa de Referência da Mulher Tina Martins para conversar sobre o que vai ser feito ainda. Já denunciamos a ação da PM junto ao Ministério Público e vamos procurar a Casa dos Direitos Humanos também”, conta. “Queremos punição para os policiais e para o comandante responsável. Agora uma menina de 14 anos vai ficar com o rosto marcado para sempre por causa da ação covarde da Polícia Militar”, completa.
O encontro aberto está previsto para começar às 18h e deve contar com integrantes do MLB e de pessoas ligadas à defesa dos Direitos Humanos. Além de discutir os rumos das mobilizações, a reunião também busca repudiar as ações da PM em Mário Campos. Na segunda-feira (1º), um ato em solidariedade à Gabriela ocorreu na porta do Hospital João XXIII.
Na segunda-feira (1º), a Polícia Militar (PM) informou que os pais foram orientados a deixar o local e que eles colocaram as crianças em risco ao descumprir a recomendação. O fato foi registrado no boletim de ocorrência para apuração posterior pela Polícia Civil.
