Uma família de Felixlândia, na região Central de Minas, luta há mais de um mês pelo direito de se despedir do estudante de medicina Saulo Romaens Silva Oliveira, mineiro encontrado morto na Argentina após sofrer um infarto fulminante. Desde o dia 16 de julho, o corpo do homem, 34, está retido em um necrotério a pedido do governo argentino, que ainda não deu previsão de quando o translado para o Brasil poderá ocorrer.
Em conversa com o BHAZ ontem (1º), a advogada e irmã de Saulo, Erika Liertany, explica que o processo está “empacado” há mais de um mês por conta de exigências do Ministério Público de Buenos Aires. Segundo ela, o órgão solicitou uma série de exames para a liberação do corpo.
“Falaram que primeiro precisava de um exame toxicológico. Ele foi feito em 25 de julho e, mesmo com o resultado, não liberaram. Depois pediram um exame histológico e marcaram para 25 de agosto e mandaram fazer umas lâminas para análise microscópica, que deve ficar pronta só em 5 de setembro, e não temos nem ideia de quando o resultado fica pronto”, lamenta ela.
Apreensão
Saulo morava na Argentina desde 2017, quando conseguiu uma bolsa de estudos para cursar medicina. O sonho do estudante, no entanto, foi interrompido precocemente em julho deste ano, quando ele sofreu um mau súbito e foi encontrado morto, por amigos, dentro de casa, em La Plata.
No Brasil, a família do rapaz se encontra apreensiva e já não sabe mais como proceder. Érika conta já ter procurado todos os órgãos competentes e, até mesmo, enviado uma representação para a ONU (Organização das Nações Unidas) pedindo apoio nas negociações com o governo argentino.
“Estive na Argentina, fiquei lá 15 dias, não consegui trazer ele de volta. Enquanto o corpo dele está em um necrotério particular, a gente paga a estadia por dia até a liberação. É estranho falar, mas ele está congelado, como se estivesse em um freezer”, explica.
‘Um velório eterno’
Os amigos de Saulo na Argentina realizaram, no último mês, um protesto na sede do Poder Judicial da província de Buenos Aires, em La Plata. Cartazes com frases de ordem foram afixados na entrada do prédio, exigindo a liberação do corpo do estudante para o Brasil.
O grupo ainda se mobilizou para arrecadar o valor necessário para arcar com o processo de translado. Em uma vaquinha online, os amigos de Saulo conseguiram R$ 60 mil em doações.
“A gente não consegue dar o nosso adeus para ele e trazê-lo para perto. Por conta da pandemia, tinha um ano e meio que a gente não se via. Agora é como se a gente tivesse em um velório eterno, sem fim”, lamenta Érika.