Casamento em cemitério? Mineiros oficializam união com cerimônia inusitada na Grande BH

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Thânia e Luiz foram um dos sete casais que celebram a união em um cemitério de Sabará, na Grande BH (Arquivo pessoal + Reprodução/@metropax/Instagram)

Para muitos, casar é sinônimo de entrar na igreja e fazer uma festança. Um casal de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, decidiu ressignificar o momento especial e levar a cerimônia a um lugar pouco provável: um cemitério. A ação foi uma parceria entre empresas de serviços funerários que, nesse domingo (28), eternizaram o amor de sete casais em um casamento comunitário.

As uniões se tornaram oficiais no Terra Santa Cemitério Parque, em Sabará, com direito a flores e música ao vivo. Dentre os casais, estavam a esteticista Thânia Alves, 33, e o técnico em eletrônica Luiz Henrique, 43, que já caminham juntos há 14 anos. Eles têm duas filhas, uma de 12 e outra de 6, e deram o “próximo passo” após alguns adiamentos.

Em conversa com o BHAZ, Thânia explica que sempre quis se casar na igreja, de véu e grinalda. O companheiro, por outro lado, nunca desejou todos os olhares sobre ele na igreja, por uma questão de timidez. Quando viu nas redes sociais a chance de fazer uma oferta diferente, a mineira não perdeu tempo.

‘No cemitério cê casa?’

“Eu fiz a inscrição sem ter falado nada com ele porque eu achei que eu não seria chamada. E eu me esqueci dessa inscrição. Quando foi na segunda-feira, eu descobri que a gente tinha sido selecionado e foi uma loucura, porque foram 4 dias pra definir tudo”, recorda.

O casal ficou surpreso ao ser convocado, mas decidiu encarar a cerimônia “diferenciada” e prosseguir com o plano da mesma maneira. “Eu falei com ele: cê sempre falou que não casaria comigo na igreja, no cemitério cê não falou hora nenhuma! Cê quer casar comigo no domingo, à tarde?”, questionou.

Luiz Henrique topou. Uma curiosidade é que eles não sabiam onde seria o casório, só descobriram ao contatarem a organização. “Eu fiquei sabendo na segunda-feira. Na hora da reunião eu perguntei: qual o local? Aí ela me falou e eu pensei ‘meu Deus, casar no cemitério, que loucura'”.

‘Era o maior desejo do meu coração’

O casal não tinha condições financeiras para um casamento e, por isso, a alegria de receber o convite foi ainda maior. A cerimônia foi completamente sem custo.

Eles estavam adiando os planos do casamento em função de outras coias elencadas como prioridade. Mas Thânia avalia que o retorno positivo do projeto tem relação com um episódio da semana anterior, quando rezou para tornar o sonho do casamento algo concreto.

“Eu sou católica. E eu tinha colocado o dinheiro do nosso casamento embaixo da imagem da Sagrada Família, dia 15/3. E eu pedi a Jesus Cristo e Nossa Senhora pra casar de véu e grinalda, que era o maior desejo do meu coração. Falei pra Deus: ‘Vai à frente, organiza tudo, só me diz o dia e a hora’. E foi isso que aconteceu”, comemora, emocionada.

Thânia realizou desejo de se casar ‘como manda o figurino’ (Arquivo pessoal)

Ressignificado

Thânia ressalta que a magnitude e a qualidade do evento chamaram sua atenção, especialmente pelo fato de ser gratuito. O casal pôde chamar 14 convidados, então decidiu levar a família. “Todo mundo, quando a gente falava que ia casar no cemitério, ficava assustado, dizia ser desrespeito. Mas não é isso, é um ressignificado muito grande”, ressalta.

Após algumas perdas pessoais, a mineira acredita que a morte pode ser vista como algo menos pesado no intuito de acalmar o coração. “O luto tem várias fases. E quando conseguimos assentar essa dor de uma forma mais branda, a gente se transforma e passa a dar mais valor à vida”, pontua.

Thânia e Luiz já têm planos de oficializar o casamento também no civil, daqui a dois meses. A esteticista gostou tanto da iniciativa que já quer renovar os votos.

“Eu não tinha ideia da alegria de casar e de fazer tudo perfeitamente. Eu falo que não só recomendo, mas se deixar caso ano que vem de novo!”, brinca. “Sempre falei que o dia do meu casamento seria algo inesquecível e que convidaria poucas pessoas, e foi isso mesmo que aconteceu”, celebra.

Veja um vídeo de Thânia e Luiz no dia feliz:

Nicole Vasques[email protected]

Jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), escreve para o BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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