Operação de Brumadinho completa mil dias com nova estratégia de buscas

brumadinho
Primeira estação de busca já está em funcionamento (Asafe Alcântara)

O rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, completa mil dias nesta quinta-feira (21), juntamente com a operação do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais. A maior operação de busca e salvamento da história do país começou no dia 25 de janeiro de 2019 e já passou por sete estratégias diferentes para localização das vítimas. Uma oitava estratégia foi anunciada hoje (21) para maior segurança, efetividade e otimização nas buscas das últimas oito joias.

A corporação passou a utilizar, no dia 22 de setembro, um dos cinco maquinários que irão compor a oitava etapa das buscas. A máquina – já usada na mineração – foi adaptada para que consiga auxiliar na identificação dos restos corporais das vítimas. Em vez de realizar as buscas em campo, os bombeiros ficarão dentro de uma cabine climatizada onde irão vistoriar os rejeitos coletados pelo equipamento.

Como forma de agilizar o processo, o próprio maquinário segrega os rejeitos grandes dos pequenos. O material passa por uma grelha, é peneirado e cai em uma esteira, de onde já é descartado. Ao mesmo tempo, a parte grossa – de onde sai pedras, escombros, metal, madeira e segmentos ósseos – é vistoriada pelos bombeiros.

“Essa seria a nossa ideia, o bombeiro de dentro da cabine observando a grelha, de onde sai o rejeito”, disse o major Ivan Neto em coletiva de imprensa hoje (21). Segundo o bombeiro, com esse novo equipamento, há um aumento de 380% na efetividade das buscas. “Cada bombeiro militar consegue vistoriar 25 mil metros cúbicos a cada hora. Com a utilização do equipamento, a gente utilizando só a máquina para fazer essa separação, a gente consegue passar para 120 metros cúbicos a hora”, pontuou.

“A gente consegue dessa forma minimizar o tempo da operação e consequentemente o tempo de sofrimento das pessoas que ainda esperam respostas pelos seus entes queridos”, lembrou o major.

Segurança, efetividade de otimização de tempo

Na estratégia anterior, a mais longa de todas, todo o material com rejeito era vistoriado pelos bombeiros. “A estratégia sete, bem como as outras anteriores, utiliza como método de busca a dobra manual por uma concha mecânica, ou seja, o operador da escavadeira cuidadosamente remove do terreno uma concha com o material com rejeito e cada concha é vistoriada pelo bombeiro militar. Concha a concha”, explicou o major Ivan Neto.

“Isso obrigatoriamente exige tempo. Muito tempo. Para se ter uma noção em números, até o presente momento, nós conseguimos remover e vistoriar da mancha de rejeitos quatro milhões de metros cúbicos, aproximadamente metade do existente”, revelou o militar.

O coronel Erlon Dias, subcomandante do Corpo de Bombeiros, lembrou também que a estratégia sete precisou ser paralisada por um período devido à pandemia de Covid-19 e pelo grande volumes de chuvas.

Estratégia se inicia em breve

Os bombeiros explicam que 90% dos rejeitos hoje são materiais finos, sem interesse nas buscas. O maquinário conseguiria descartar toda essa porcentagem do material e os militares realizariam a vistoria da parte restante. “Sendo que antes precisávamos vistoriar 100%, por isso vamos ter ganhos de oportunidade”, pontuou o major Ivan Neto .

Com a nova estratégia, há uma maior efetividade nas buscas, uma maior segurança aos bombeiros e uma otimização do tempo. “O que mais desejamos hoje é minimizar o tempo de sofrimento das famílias”, pontuou o militar.

A oitava etapa consiste na utilização de cinco estações de busca, na área onde funcionava o Terminal de Carga Ferroviário (TCF) da mineradora. Até o momento, há apenas uma estação de buscas em funcionamento, mas a expectativa é que a segunda comece a funcionar já no próximo mês.

“Havia dois equipamentos aqui na nossa área. Um deles está operando. O segundo está passando por uma manutenção. Hoje estavam chegando os outros dois que vieram da Finlândia. O quinto vai chegar nos próximos dias”, esclarece o major.

A intenção é que os outros três equipamentos comecem ser utilizados em janeiro do próximo ano. “A partir do momento que as cinco estações estiverem totalmente funcionando, termina a sétima estratégia. Até o inicio do ano, março, abril, todas as estações estejam em funcionamento. E essa seja a única estratégia”, disse o coronel Erlon Dias.

Encerramento de um ciclo

Se a estratégia continuasse a mesma, a expectativa era que apenas daqui quatro ou cinco anos todos os rejeitos fossem vistoriados. A previsão agora é que esse tempo se reduza para dois anos, dependendo da efetividade de cada estação.

“O nosso propósito, o que nos motiva hoje, é a esperança em localizar as demais vitimas que não foram encontradas para dar um alento para os familiares no momento da despedida, para fechar um ciclo da vida deles e iniciar um novo ciclo”, encerrou o major Ivan Neto.

Edição: Vitor Fernandes

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