Acúmulo de tarefas é desafio maior para mulheres no empreendedorismo, aponta Sebrae Minas

Apresentação de pesquisa sobre empreendedorismo feminino
Resultados de pesquisa foram apresentados hoje pelo Sebrae (Alessandro Carvalho/Divulgação)

Criar e gerir uma empresa traz desafios para qualquer um, mas as dificuldades que as mulheres enfrentam para conciliar o empreendedorismo com a vida pessoal e os afazeres domésticos são ainda mais prevalentes. É o que aponta a pesquisa “Mulheres Empreendedoras”, apresentada nesta semana pelo Sebrae Minas.

O levantamento ouviu 1.213 pessoas, entre homens e mulheres, e mostra que 7 em cada 10 empreendedoras são as principais responsáveis pelos afazeres domésticos e residenciais, enquanto somente 3 em cada 10 dos empreendedores assumem esta responsabilidade.

Entre as mulheres entrevistadas, 48% afirmaram que as empreendedoras têm mais dificuldades para ter um negócio de sucesso do que os homens, enquanto somente 24% dos homens concordaram com a afirmação.

Os resultados dessas dificuldades se traduzem em números: segundo a GEM, a maior pesquisa de empreendedorismo do mundo, entre os empreendedores em estágio inicial — ou seja, com até um ano de empresa — as mulheres representam 46%, mas no estágio estabelecido elas somam apenas 31% do total.

“Isso indica uma dificuldade maior das mulheres de se estabelecer, o que pode estar relacionado às múltiplas tarefas que ela precisa desempenhar. Nós sabemos que não existem diferenças biológicas que provocam essas diferenças, e sim os papéis culturais que cada gênero assume”, aponta Izabella Siqueira, da Unidade de Inteligência Empresarial (UINE) do Sebrae Minas.

Desafios financeiros

Outra pesquisa realizada pelo Sebrae Minas, em dezembro de 2022, também indica que a principal motivação das mulheres para começar o próprio negócio é ter autonomia e flexibilidade. O segundo motivo mais apontado é a necessidade financeira, o que pode ser um indicativo da menor duração das empresas.

“Mais de 50% das novas empreendedoras têm baixo ou nenhum conhecimento de administração de empresas, o que pode estar ligado a essa necessidade financeira. Isso é um fator que pode dificultar, a longo prazo, a empresa a se firmar no mercado”, completa Siqueira.

Com isso, a principal dificuldade enfrentada pelas mulheres empreendedoras se torna a gestão financeira. Entre as entrevistadas, 35% também afirmaram encontrar desafios no acesso ao crédito bancário e 27% com a carga tributária.

Fomento ao empreendedorismo feminino

A pesquisa “Mulheres Empreendedoras” aborda, ainda, o poder da rede de apoio e influência entre essas mulheres: mais da metade das entrevistadas tiveram contato com outra dona de negócio que serviu de inspiração para a abertura da própria empresa.

Ainda entre as mulheres, 40% têm uma rede de contato com outras empreendedoras, e 84% afirmaram que dariam preferência a contratar mulheres para a sua empresa.

No entanto, apenas 10% afirmaram que existe alguma lei ou iniciativa de fomento de negócios liderados por mulheres em seus municípios.

Por meio do programa Sebrae Delas, o órgão busca estimular o empreendedorismo feminino e articular iniciativas com o poder público. A iniciativa oferece capacitações, oficinas, palestras e consultorias, estimulando o desenvolvimento de habilidades, competências, além da troca de conhecimentos e conexões.

“Temos que discutir esses assuntos cada vez mais, para apoiar e articular o que deve ser feito para potencializar esses negócios, o que parte também da criação de políticas públicas e incentivos adequados para o empreendedorismo feminino”, completa Izabella Siqueira, da UINE.

“Queremos inverter esses números, ano que vem queremos estar reunidos para ver que houve melhoras, que as mulheres tenham negócios mais perenes, que possam negociar com o fornecedor de forma mais tranquila, conciliar com mais equilíbrio a vida pessoal com a profissional”, finaliza o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, Marcelo de Souza e Silva.

Edição: Roberth Costa
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!