‘Preço justo’: Onde e como comprar o arroz do MST em Minas Gerais

Armazém de alimentos do MST
Arroz é produzido no Rio Grande de Sul e distribuído por todo o país (Pablo Vergara/MST)

Em meio à alta do preço do arroz no Brasil, uma alternativa chamou a atenção nas redes sociais: a produção e distribuição do produto pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). O movimento anunciou que manterá a produção do arroz orgânico feita pelos seus agricultores a um “preço justo” (leia mais aqui) e, em Minas Gerais, a média do quilo vendido pelo movimento é de R$ 6. O arroz, que vem do Rio Grande do Sul, pode ser encontrado em várias regiões de Minas e o MST está fazendo entregas a domicílio durante a pandemia de Covid-19.

De acordo com a coordenadora da cooperativa de comercialização do estado, Paula Ribeiro Guimarães, são feitas encomendas mensais que abastecem os estoques de Minas e são distribuídos para os centros de venda, como o Armazém do Campo, em Belo Horizonte. Todos os pontos de venda e os respectivos contatos para fazer a compra podem ser acessados nesta planilha. A média de R$ 6 se dá, segundo ela, devido a possíveis variações nos custos da logística de distribuição em cada região.

As regionais que recebem o arroz também recebem outros produtos distribuídos pela Concentra (Cooperativa Camponesa Central de Minas Gerais) e montam cestas agroecológicas com os suprimentos. “Cada cesta tem sua dinâmica própria de funcionamento: algumas têm os produtos pré-definidos e um valor fechado, outras dão a opção de escolher os produtos e montar sua própria cesta”, explica a coordenadora.

Disponibilidade

Nem todos os centros de comercialização permitem que o arroz seja comprado individualmente: algumas unidades oferecem apenas cestas agroecológicas já montadas. Paula Ribeiro acrescenta que os pontos de venda físicos não estão mais abertos, devido à pandemia, mas garante que todos os centros estão fazendo entregas a domicílio. Segundo ela, o MST pretende manter a iniciativa após a pandemia, oferecendo as duas opções ao consumidor.

A disponibilidade do arroz varia de acordo com centro, já que as remessas chegam periodicamente. No caso do centro de Juiz de Fora, na Zona da Mata, mantido pelo assentamento Dênis Gonçalves, o estoque do produto já acabou e deve ser reposto nas próximas semanas. Lá, o pacote de 1 kg de arroz polido é vendido a R$ 6 e o de 5 kg, a R$26,50. O pacote de 1 kg do arroz integral está a R$6,50.

A coordenadora da Concentra ressalta que o valor de R$ 6 já era a média do preço oferecido pelo MST em Minas antes da alta do arroz no país. “Não aumentamos os preços, estamos mantendo os valores de antes, que já consideramos um preço justo para produtores e consumidores”, completa.

MST em Minas

O MST se organiza em nove regiões de Minas Gerais, entre vários assentamentos e acampamentos. Maíra Santiago, da direção estadual do setor de produção, conta que o assentamento Aruega, na cidade de Novo Cruzeiro, na região no Vale do Mucuri, foi resultado da primeira ocupação organizada pelo movimento. As últimas áreas ocupadas, em São Joaquim de Bicas e Itatiaiuçu, pertencem ao empresário Eike Batista e fazem parte do projeto “Corruptos Devolvam Nossas Terras”.

“A primeira coisa que fazemos depois de ocupar uma terra é fazer com que ela tenha uma viabilidade produtiva e social. Produzimos alimentos saudáveis, agroecológicos, orgânicos, em perspectiva de escala, para alimentar muita gente. Fazemos o contrário do agronegócio, que não produz alimento para a população, concentra terras e renda”, explica.

Além da produção, a responsável conta que o MST busca estabelecer diálogos com as famílias da área, gerando trabalho e renda para a população, além de movimentar a economia do país. Segundo ela, o movimento também busca cumprir uma missão de cuidado com a natureza, preservando a biodiversidade do local, enquanto reivindica a reforma agrária.

“Fazemos a comercialização dos produtos, além da geração de renda, para estabelecer um diálogo com a sociedade sobre a necessidade da reforma agrária. Vendemos com o intuito de que as pessoas apoiem a democratização das terras”, completa Maíra Santiago.

Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!