Trabalhadores em situação análoga à escravidão são resgatados na Zona da Mata

trabalhadores escravidão
As vítimas trabalhavam em atividades de construção civil e realizavam, sem remuneração adequada, reparos em galpões, taludes e granja de criação de frangos para abate (MPT-MG/Divulgação)

Oito trabalhadores que viviam em situação análoga à escravidão foram resgatados no município de Rio Pomba, na Zona da Mata mineira. As vítimas trabalhavam em atividades de construção civil e realizavam, sem remuneração adequada, reparos em galpões, taludes e granja de criação de frangos para abate.

Conforme apurado pela Gerência Regional do Trabalho de Juiz de Fora, os trabalhadores são naturais de Miraí e Muriaé, municípios que ficam a cerca de 90 quilômetros de distância do local em que trabalhavam irregularmente.

Os alojamentos em que eles viviam possuíam camas com espumas cortadas e sujas, sendo que em um dos cômodos havia seis trabalhadores e três beliches e outros dois colchões no chão. Eles contam que não era possível dormir na parte de cima das beliches por conta das goteiras no telhado.

Trabalhadores dormiam em colchões sujos no chão
(MPT-MG/Divulgação)

Eram mantidos dentro deste quarto utensílios de cozinha, como um fogão de duas bocas, geladeira sem condições adequadas de refrigeração, e um botijão de gás. Além disso, os alimentos encontrados no local não estavam adequados para o consumo humano.

Os trabalhadores foram imediatamente afastados do trabalho e o empregador foi notificado pela Auditoria Fiscal do Trabalho para a quitação das verbas trabalhistas devidas às vítimas. O valor total da rescisão ainda está sendo apurado.

Mais casos

Um casal de trabalhadores rurais foi resgatado em situação de trabalho análogo à escravidão em uma fazenda de produção de laranja, na cidade de Campanha, no Sul de Minas. Segundo o Ministério Público do Trabalho, os dois viviam em condições degradantes, sem água potável e sem as ferramentas adequadas para a aplicação de agrotóxicos.

O empregado declarou que fazia todo tipo de atividade braçal, necessário para o cultivo da laranja, inclusive operar roçadeira, aplicar agrotóxicos desbrota e adubação. Para isso recebida de R$ 150 a R$ 200,00 por mês, a critério do patrão. Sua companheira trabalhava na roça de laranja e recebia R$ 150,00 por mês.

O empregador não forneceu documentos que comprovassem o pagamento de salários aos trabalhadores, tão pouco a existência de um contrato formal de trabalho. “Ambos os trabalhadores são pessoas muito simples, de baixa escolaridade, extremamente vulneráveis e encontravam-se submetidos à condição de exploração pelo empregador”, declarou a procuradora do Trabalho que atua no caso, Letícia Passos Soares.

Já em Santa Rita do Sapucaí, também no Sul de Minas, dez pessoas foram resgatadas em situação de trabalho análoga à escravidão em uma fazenda de colheita de café, localizada na zona rural da cidade. Por lá, além de estarem submetidos a condições degradantes de trabalho, os empregados também tinham que pagar pelos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), alimentos e produtos de higiene.

Trabalhadores viviam em situação degradante (MPT-MG/Divulgação)
Edição: Roberth Costa
Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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