A Universidade Federal de Lavras (UFLA) é a primeira, em Minas Gerais, a aprovar sistema de cotas para pessoas trans – travestis, transexuais e transgêneros. Será destinada uma vaga a mais para todos os cursos de graduação, seja no campus de Lavras ou em São Sebastião do Paraíso, no Sul do estado.
A ex-estudante do curso de Direito da UFLA, Maria Montenegro Ramessés, explica como a proposta surgiu.
“O primeiro passo foi buscar apoio para a criação de uma comissão. Tivemos apoio da Aliança Nacional LGBT, de deputados e deputadas, além de outras universidades fora de Minas que já tinham cota para pessoas trans”, conta.
Maria foi uma das responsáveis por apresentar dados que comprovam a importância destas cotas em uma universidade federal. Dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais apontam que o Brasil segue como o país que mais mata pessoas trans e travestis no mundo.
“Há dados de que mais de 95% da população trans travesti do país tem que recorrer à prostituição como fonte de subsistência, ou seja, não há outra opção, se a pessoa quiser sobreviver. Essa coletânea de dados foi a justificativa que utilizamos para mostrar e demonstrar a pertinência do tema e a necessidade de adequação, de mostrar que essa é uma medida de igualdade”, justifica.
Como participar das vagas na Universidade Federal de Lavras, no Sul de Minas
A expectativa é de que até o segundo semestre do ano que vem as vagas estejam disponíveis. Quem desejar participar deverá seguir um processo similar ao de outras candidaturas. A pessoa interessada deve:
- Ter concluído o ensino médio em escolas públicas;
- realizar as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem);
- inscrever-se em Edital próprio de Processo Seletivo específico;
- autodeclarar-se como pessoa trans no momento da solicitação da matrícula inicial.
De acordo com a pró-reitora de Assuntos Estudantis e Comunitários, professora Elisângela Elena Nunes Carvalho, há duas formas de concorrer: por meio Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e/ou pelo Processo de Avaliação Seriada (PAS). Depois, haverá uma avaliação interna.
“Essa seleção interna é necessária, pois as vagas reservadas são supranumerárias, ou seja, será uma vaga a mais das já disponíveis pela Universidade. Diante disso, o candidato precisa passar por uma classificação em caso de empate. No edital, a ser publicado, serão estabelecidos critérios para desempate”, explica.