Bolsonaro alfineta Dória e Covas; Maia ameaça aceitar impeachment

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Em indireta para Dória e Bruno Covas, Bolsonaro disse: ‘Fique em casa é para uns; para outros, é Miami e Maracanã’ (Antonio Cruz/Agência Brasil + Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) alfinetou, na manhã desta segunda-feira (1º), João Dória (PSDB) e Bruno Covas (PSDB). Na indireta, o presidente apontou a ida de Dória para Miami e a de Covas ao Maracanã, embora tenham adotado medidas de restrição durante a pandemia. O mandatário ainda mandou um recado para o presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ), que, por sua vez, sinalizou, no domingo (31), que poderá aceitar o pedido de impeachment do presidente.

Em conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, Jair Bolsonaro voltou a declarar seu não apoio ao fechamento do comércio durante a pandemia. Segundo o presidente da República, o bloqueio do funcionamento dos estabelecimentos é a causa do desemprego e da destruição da economia do país.

“O recado que eu posso dar é o seguinte: cada vez mais se comprova que a política do fique em casa destrói a economia, inunda o Brasil de desempregados, vem a inflação, o aumento de preço e não pode continuar culpando o presidente por essa política, porque ela não é minha. Fique em casa nunca foi nem nunca será política minha!”, declarou Bolsonaro.

‘Miami e Maracanã’

Durante a conversa, Bolsonaro alfinetou, sem citar nomes, as atitudes do governador de São Paulo João Dória e do prefeito da capital do Estado, Bruno Covas. “Fica em casa é para uns; [para] outros é Miami e Maracanã. Aí não dá, né?”, disse o presidente. Dória e Covas adotaram ao fechamento da economia e impedimento da circulação de pessoas, para conter a pandemia.

Paralelamente à adoção de medidas, em dezembro do ano passado, Dória viajou para Miami, após enrijecer a quarentena no estado de São Paulo. Já Bruno Covas compareceu ao Maracanã nesse sábado (30), junto de seu filho, para assistir a final da Copa Libertadores da América. Enquanto isso, a cidade de São Paulo passa por uma quarentena, tendo adotado circulação reduzida durante os finais de semana, principalmente à noite.

Impeachment de Bolsonaro

Irritado com a decisão do DEM de deixar o bloco de apoio a Baleia Rossi (MDB-SP), o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), voltou a dizer nesse domingo (31) que pode acatar um dos pedidos de impeachment de Jair Bolsonaro (sem partido). Segundo três pessoas próximas ao deputado, Maia afirmou que tem em mãos um parecer jurídico favorável ao processo e que pode ser usado pelo parlamentar para embasar uma eventual decisão nesse sentido.

O presidente da Câmara já havia indicado a ao menos três políticos que poderia dar a largada no impeachment, na última quinta-feira. Naquele mesmo dia, Maia negou a intenção. Baleia disputa nesta segunda-feira a eleição para a presidência da Câmara contra Arthur Lira (PP-AL), apoiado por Bolsonaro. Portanto é o último dia de Maia no comando.

Nesse domingo, segundo parlamentares que participaram de reunião na casa de Maia, o deputado foi mais incisivo e chegou a dizer inclusive que instalaria, nesta segunda (1), a comissão que avaliaria se dá prosseguimento ou não ao processo de afastamento de Bolsonaro com base em um dos pedidos protocolados até agora (há ao menos 56).

Pela legislação, cabe ao presidente da Câmara decidir, de forma monocrática, se há elementos jurídicos para dar sequência à tramitação do pedido. O impeachment só é autorizado a ser aberto com aval de pelo menos dois terços dos deputados (342 de 513) depois de uma votação em uma comissão especial.

Parlamentares discutirão o assunto

Após a eventual abertura pelo Senado, o presidente é afastado do cargo. Apesar das ameaças de Maia, parlamentares dizem que o assunto ainda precisa ser discutido nesta segunda-feira. A posição foi dada após o DEM ficar isento na disputa para o comando da Câmara. A saída do partido do bloco de apoio a Baleia fez integrantes de siglas de oposição aumentarem a pressão para Maia acatar um dos pedidos de impeachment.

As notas taquigráficas da reunião da Mesa Diretora da Câmara, no dia 18 de janeiro, trazem as seguintes declarações do deputado, que havia se irritado com a fala de uma aliada de Lira, que o acusou de adotar uma atitude ditatorial na Casa. Ele respondeu lembrando a defesa que Bolsonaro faz da ditadura e disse: “E, se o presidente continuar apoiando vocês nesse clima pesado, ele vai levar um impeachment pela frente, hoje ou amanhã”.

Bolsonaro x Maia

Instado por apoiadores a mandar um recado para Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta segunda-feira (1) que deseja que seu desafeto “seja feliz” e que “tudo acaba um dia”. “Seja feliz, tudo acaba um dia. Meu mandato vai acabar um dia. Nós devemos nos preparar para este momento aí”, disse após ser questionado por um integrante da claque no jardim do Palácio da Alvorada.

A declaração foi transmitida por um canal simpático ao presidente.
Maia e Bolsonaro iriam se encontrar ainda nesta manhã na sessão de volta aos trabalhos do STF (Supremo Tribunal Federal), mas o deputado não compareceu. Segundo três pessoas próximas ao deputado, Maia afirmou que tem em mãos um parecer jurídico favorável ao processo e que pode ser usado pelo parlamentar para embasar uma eventual decisão nesse sentido.

Ao responder a uma apoiadora que disse apoiar Arthur Lira (PP-AL), candidato de Bolsonaro, o presidente afirmou que “se Deus quiser, vai dar tudo certo hoje”.

Com Julia Chaib, Danielle Brant e Daniel Carvalho, da Folhapress

Edição: Thiago Ricci
Andreza Miranda[email protected]

Graduada em Jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2020. Participou de duas reportagens premiadas pela CDL/BH (2021 e 2022); de reportagem do projeto MonitorA, vencedor do Prêmio Cláudio Weber Abramo (2021); e de duas reportagens premiadas pelo Sebrae Minas (2021 e 2023).

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